Aumento da massa salarial e disposição para contrair crédito são os principais fatores que devem puxar as vendas tanto de itens mais caros como dos de pequeno valor
Volume de R$ 102 bilhões a ser injetado pelo recebimento de 13º salário é 20% superior ao registrado no ano passado, segundo Dieese
O Natal de 2010 será o melhor desde 2000 e o primeiro a registrar crescimento porcentual de dois dígitos nas vendas do varejo, segundo análise da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) realizada para o BRASILECONÔMICO. Com todos os indicadores favoráveis, a expectativa de lojistas e economistas é de que se venda muito de tudo, das lembrancinhas aos itens de alto valor, tanto nacionais quanto importados. “Nossa expectativa, revista para cima em função do Dia das Crianças, é de crescimento de 10% a 12% das vendas em relação ao ano passado, com mais probabilidade de resultado próximo dos 12%”, prevê o economista
da ACSP Emílio Alfieri.
No setor supermercadista, a expectativa de aumento de vendas no Natal é semelhante à da ACSP, de 12,54% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados ontem pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Em 2009, a expectativa era menor, de 7,9%. “Neste ano, há um otimismo adicional por conta do bom desempenho da economia e também da ascensão das classes D e E ao mercado de consumo. Nada mais natural que a mesa seja mais farta em 2010”, afirma o superintendente da Abras, Tiaraju Pires.
Há um ponto central para esta expectativa de bom desempenho, segundo o economista da Fecomercio Altamiro Carvalho. É a soma de fatores como o crescimento da massa salarial concomitante ao aumento da confiança do consumidor para fazer financiamentos.
Carvalho prevê em R$ 11 bilhões o faturamento do comércio para a região metropolitana de São Paulo em dezembro. Esse resultado representará uma alta de cerca de 7% em relação ao ano passado. “Até agosto — último resultado do qual dispomos—não apuramos desempenho negativo algum para o comércio neste ano e nada indica que essa trajetória vá mudar”, diz. Dessa forma, no ano o faturamento do comércio deve chegar a R$ 100,3 bilhões.
Dado divulgado ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que a confiança do consumidor manteve-se praticamente estável em outubro, mas em patamar elevado: o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) registrou no mês o maior nível da série histórica, iniciada em 2005. O indicador está quebrando recordes há quatro meses, o que configura a sequência mais longa de resultados recordes na sua história, segundo a FGV.
No total, em 2010 o valor pago de 13º salário chegará ao recorde de R$ 102 bilhões, com alta de 20% em relação ao volume do ano passado, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Esse crescimento justifica-se pelo menor nível de desemprego desde 2002, de 6,2% em setembro, e pela forte expansão na renda dos trabalhadores.
Projeções da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que 35% do 13º bilionário serão usados pelos brasileiros para quitar dívidas em atraso e para pagar contas.Outros 50% serão empregados efetivamente nos presentes. Os 15% restantes ficarão para a poupança.
Há que se considerar, porém, que parte desse valor de 13º é paga ao longo do ano. Além disso, conforme lembra Altamiro Carvalho, a cifra destinada ao pagamento de dívida também acaba, de certa forma, retornando ao comércio, pois as pessoas quitam seus débitos e depois contraem novos. “Some-se aos fatores positivos deste cenário o aumento na concessão de crédito, que já chegou a 23% em termos nominais”, acrescenta Carvalho.
Veículo: Brasil Econômico