A expectativa de que os preços dos produtos vendidos nos supermercados se mantenham estáveis até o fim deste ano contribuiu para que os empresários do setor supermercadista ampliassem as suas encomendas à indústria num ritmo superior ao do Natal de 2010. De acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) que perguntou aos empresários do setor sobre suas expectativas de vendas no final deste ano, as encomendas cresceram 15,6% em comparação às do Natal de 2010.
Para comparação, no mesmo período do ano passado as projeções apontavam que haveria um aumento de 12,5%. Além disso, enquanto no último quadrimestre de 2010 os preços dos itens mais vendidos nos supermercados apresentaram forte aceleração, reduzindo o poder de compra dos consumidores na época, neste ano há um movimento de acomodação - outro termômetro que levou o setor a acreditar que era uma escolha acertada ampliar as encomendas para as vendas de final de ano.
"O setor está confiante, acredita que superará a marca do ano passado, pois contamos com um momento de estabilidade econômica e perspectivas de manutenção da geração de empregos e renda, junto com a estabilidade de preços", afirmou o presidente da Abras, Sussumu Honda.
No período do Natal, as vendas devem crescer 15,6%, na comparação com o mesmo período de 2010, segundo pesquisa da Abras feita com seus associados. Esse resultado está acima das expectativas do setor feitas no ano passado, de 12,5%.
Segundo o levantamento, os empresários do setor aumentaram as compras de todos os produtos típicos de Natal em relação a 2010. As encomendas de cerveja cresceram 16,8%, as de frutas nacionais da época, 16,3%, e as de refrigerante, 16,1%. Já as encomendas de peixes congelados avançaram 15,3%, e as de peixes frescos, 14,2%. Os produtos de menor crescimento de encomenda foram peru, com alta de 4,5%, e tender, com alta de 3,9%.
Entre as encomendas de produtos importados, os destaques foram azeite, azeitonas, queijos e embutidos, que tiveram 14% mais encomendas, frutas especiais importadas, 12,9% a mais, e vinhos importados, 12,2% a mais.
Segundo a entidade, no acumulado de janeiro a setembro a cesta da Abras, medida pela GfK, e formada por itens de largo consumo - como alimentos, limpeza e beleza - tem deflação de 0,21%, enquanto o IPCA Alimentos na mesma comparação avança 4,98%. "Quando há uma forte alta dos preços, o orçamento familiar é afetado. Como isso não vem ocorrendo este ano, teremos uma situação melhor neste Natal", disse o especialista.
Honda avaliou que esse avanço nas expectativas frente a 2010 reflete, em parte, as preocupações enfrentadas pelas empresas na Páscoa deste ano, quando chegaram a faltar alguns produtos porque os empresários supermercadistas não calcularam corretamente a demanda dos consumidores para esta data. "Não adianta, às vésperas do Natal, o empresário querer encomendar mais cerveja. Se o cálculo não estiver correto desde já, vai faltar produto", disse.
A entidade reafirmou a projeção de alta de 4% para o crescimento real das vendas neste ano. "Alguns setores do varejo, principalmente de automóveis, apresentam vendas menores, mas em alimentos a situação é diferente", afirmou. De acordo com ele, as vendas preliminares apuradas em outubro são consideradas positivas, puxadas pelo Dia da Criança. "É provável que a tendência de crescimento [na faixa dos 4,2% em 2010] se estenda até o final do ano", destacou.
Vendas
As vendas reais nos supermercados cresceram 3,7% em setembro na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo divulgou a Abras. Em relação a agosto deste ano, o faturamento dos supermercados caiu 0,75%. Nos primeiros nove meses do ano, as vendas subiram 4,21% em relação às do mesmo período de 2010. Os números estão deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPC-A).
Segundo a Abras, as vendas em setembro mantêm trajetória de crescimento como reflexo da estabilidade econômica, do baixo desemprego e de melhores níveis salariais. "Nossa expectativa é de que essa tendência se estenda até o final do ano", afirmou a Abras.
O valor da cesta AbrasMercado -formada por 35 produtos considerados de largo consumo, como alimentos, artigos de limpeza e produtos de beleza-, medido pela GfK, apresentou alta de 1,36% de preço em setembro ante agosto, para R$ 306,42; na comparação com setembro de 2010, o valor subiu 10,71%.
Os produtos de maior alta em setembro frente a agosto foram leite longa-vida (+4,9%), queijo prato (+3,13%) e café torrado e moído (+3,11%). As maiores quedas no período ficaram com tomate (-7,47%), cebola (-6,13%) e batata (-2,50%). No acumulado do ano, a cesta AbrasMercado registra queda de 0,21%.
Supermercados
Entre as redes, a corrida é também para atender ao novo perfil de consumidor, cuja vida é cada vez mais corrida, principalmente em grandes metrópoles. A rede Sonda Supermercados decidiu expandir o horário de atendimento de sua loja na Água Branca, zona oeste de São Paulo, que passa a funcionar 24 horas por dia.
O Sonda Tatuapé, na zona leste da capital, foi a primeira loja da rede a operar no sistema 24 horas.Com padaria, açougue, rotisseria, seção de hortifrútis e produtos importados, a empresa ressalta que a ampliação do horário de funcionamento atende a mudanças de comportamento dos consumidores locais, que circulam pelo bairro à noite e querem poder fazer compras mais tarde.
A rede acredita que a viabilidade das lojas 24 horas é positiva. "Os nossos clientes incluem cada vez mais as madrugadas como opção, e as lojas têm um funcionamento noturno padrão. Aliamos esses dois fatores para manter o nosso atendimento de qualidade em tempo integral e atender a demanda das regiões que pedem estabelecimentos neste formato", avalia Júlio Lopes, diretor de Marketing da rede Sonda.
Veículo: DCI