As vendas do setor supermercadista brasileiro registraram alta de 9,88% em maio em relação a igual mês de 2011 e de 6,81% no primeiro quadrimestre deste ano ante o mesmo período do ano passado. O bom resultado é consequência, na avaliação da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), da estabilidade da renda e do nível de emprego no País. Otimista, Sussumu Honda, o presidente da entidade, acredita que este avanço nos quatro primeiros meses fará com que o segmento eleve as expectativas do setor de crescimento anual estimado inicialmente entre 3,5% e 4%.
Na opinião de Honda, a alta de 14% no salário mínimo no início do ano ainda está impactando positivamente a economia, apesar das dificuldades enfrentadas pela indústria e pelos exportadores. Para ele, as recentes medidas adotadas pelo governo, como a redução na taxa básica de juros (Selic), o anúncio de compras no valor de R$ 8,43 bilhões e a baixa dos juros de longo prazo (TJLP) para 5,5% ao ano para estimular a atividade econômica, estes dois últimos divulgados ontem, poderão aquecer o mercado.
O presidente da Abras explicou que o desempenho positivo do segmento tem se mostrado desigual no País em consequência da concentração de investimentos em áreas específicas como os da Petrobras no Rio de Janeiro em função do Pré-Sal e das obras para a Olimpíada e a Copa do Mundo. Outro estado que tem se beneficiado é o Espírito Santo, que também tem recursos vindos da estatal e de empresas que prestam serviços a ela.
Dentro desse quadro favorável, a cestas AbrasMercado, composta de 30 itens de consumo de larga escala analisados pela GfK, terminou maior em R$ 319,15, valor 6,46% ante igual mês de 2011 e de 0,79% ante abril deste ano.
Tomate – Entre os itens com alta mensal mais expressiva ante abril deste ano destacam-se tomate (16,62%) e cebola (12,28%). O primeiro produto passa por um período de recomposição de preços enquanto o valor da cebola continua a ser influenciado por fatores climáticos que afetaram as regiões produtoras.
No caso dos itens que registraram queda de preços, os mais significativos foram os do sabão em pó (1,91%) e batata (1,65%). O primeiro está em processo de retração desde o início do ano, depois de altas expressivas no ano passado. A batata, após apresentar aumento de 45% nos primeiros meses do ano passado, entrou em 2012 com preços estabilizados e, agora, está em queda em razão da leve expansão de oferta.
Mais uma vez, a cesta da região Norte teve os preços mais altos em razão dos elevados custos de transporte, de acordo com o levantamento da Abras/GfK, situando-se em R$ 366,49, o que indicou ligeiro mensal de 0,16%. Já a do Nordeste fixou-se em R$ 271,73 (com alta de 1,62%) e é a menor do País, pois é composta de itens menos sofisticados. No Sudeste, ela terminou em R$ 302,10, com ligeiro aumento de 1,53%. A do Sul ficou em R$ 340,48, praticamente estável (queda de 0,16%) e o mesmo aconteceu com a do Centro-Oeste, com avanço de 0,62% ao fechar em R$ 308,35.
Para junho, a Abras não espera alta expressiva nas vendas, apesar do estímulo das festas juninas que costumam aquecer principalmente o mercado nordestino. Por isso, as cestas regionais registraram oscilações pouco expressivas em maio.
Menos uso da sacola é impossível
O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, afirmou, ontem, que a iniciativa da Associação Paulista de Supermercados (Apas) de apresentar recurso contra a sentença que determinou que os empreendimentos terão que continuar a oferecer gratuitamente as sacolas plásticas é correta. Para ele, a decisão da juíza Cynthia Cristófaro tornará "praticamente impossível" o cumprimento do pacto firmado pela Associação com o Ministério do Meio Ambiente de reduzir o consumo de sacolas, que já registrou diminuição de unidades em todo o Brasil.
O presidente da Abras enfatizou que o momento econômico brasileiro favorece o varejo de supermercados e os anúncios de troca de comando no Grupo Pão de Açúcar não afetam o mercado.
O crescimento do controle de redes nacionais por grupos estrangeiros – atualmente, ele aproxima-se de um terço do total de empreendimentos – não pode ser considerado desnacionalização, de acordo com Honda. Para ele, o que ocorre é o natural interesse de grupos internacionais pelo mercado brasileiro. "As empresas que estão sendo adquiridas estão em expansão", disse o presidente da Abras.
Veículo: Diário do Comércio - SP