Grandes redes investem em tendências de moda e defendem o conceito de‘tudo em um só lugar’ para aumentar vendas
Os supermercados estão cada vez mais na moda. Se antes a seção de vestuário era limitada a peças mais simples, em araras em um cantinho das lojas, hoje as grandes redes de hipermercados apostam em coleções inspiradas nas tendências que estão nas vitrines das lojas de grife. O percentual dos produtos têxteis na venda total de itens da categoria ‘Não Alimentos’ do setor super mercadista é de 1,8%, segundo ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), feito em parceria com o Instituto Nielsen. O faturamento geral do setor, previsto para 2013 pela Abras, é de R$ 264, 8 bilhões.
A fatia dos têxteis pode até não parecer muito, mas vale lembrar que somente grandes supermercados têm espaço para expor produtos e investir em linhas próprias. E complementar o mix de produtos ajuda a tornar o cliente fiel.
A rede de supermercados Extra, do Grupo Pão de Açúcar, trabalha com o conceito de ‘One Stop Shop’, para que o consumidor encontre tudo em um só local. Pensando nisso, fez mudanças em sua seção de têxtil, com novo layout, um check out para a seção, além da contratação do estilista Marcelo Sommer, que assinará coleções exclusivas ao longo de 2013. A rede está investindo também na comunicação da sua moda. A atriz Grazi Massafera está representando a linha do Extra ao longo desse ano. O objetivo da rede é trazer peças de tendências de moda, desenvolvidas por uma equipe própria.
Além das lojas físicas, os produtos podem ser adquiridos pelo consumidor também na loja virtual da marca. Luiz Escobar, diretor comercial do site do Extra (extra. com.br), diz que a venda de têxteis pelo site começou em março deste ano. Não há valor mínimo para as compras e a política de trocas é a mesma praticada pelo site, diz ele.
“Temos todos os tamanhos de fornecedores trabalhando conosco. Porém, as grandes marcas são as mais representativas. Entre elas, Valfrance, Valisère, Liz, Mash, Zorba/Hanes Brands, Trifil, Esbelt, Mylady, Dilady, Del Cotton e Chenson Bolsas.
Outra grande rede que investe em têxteis é a Walmart. Eliane de Souza Sachte, diretora de Soft, nome dado pela empresa ao departamento de moda, explica que 82% de toda categoria fashion do Walmart é produzida nacionalmente, principalmente por pequenos fornecedores da SantaCatarina, Paraná, Recife e Fortaleza.
“A nossa proposta é oferecer tudo o que o cliente precisa em um
só lugar. O Walmart Brasil conta com as marcas próprias George, Simply Basic, 725, Sentir Bem e Athletic Works, que traduzem as últimas novidades e tendências da moda para as gôndolas”, diz ela.
Eliane conta, ainda, que muitos dos fornecedores acabam tendo a rede como primeiro cliente.
Para facilitar processos, a empresa ajuda na preparação dessas empresasdemenor porte para que se adequem ao conceito global da marca, que tem como pilares o preço, a qualidade e a moda.
“Esperamos um crescimento de 15% nas vendas apenas na área têxtil. Nosso produtos têm preços a partir de R$ 15. Com R$ 50 é possível montar um look completo de praia, por exemplo”, diz ela.
Moda no varejo de alimentos não é tarefa fácil
Vender moda dentro de uma empresa com foco em alimentos e bebidas não é uma tarefa fácil, afirma Alberto Serrentino, sócio-sênior do Grupo Gouvêa de Souza, empresa de consultoria especializada em varejo, marketing e distribuição
Para ele, a venda de roupas, acessórios e até mesmo calçados dentro dos supermercados tem como foco principal o público feminino, responsável pela decisão de compra nas famílias. Além disso, o fato de o cliente achar tudo em um só lugar acaba sendo um grande diferencial. Por isso, ocorre a ampliação da oferta de produtos na categoria de não-alimentos nas redes super mercadistas.
“Sem dúvida é uma conveniência para a consumidor. E para a rede, é um conceito que se aplica melhor a hipermercados por gerar a diversidade de opções.
Sem contar que é uma categoria de margem bruta quase o dobro da praticada em mercearias”, acrescenta Serrentino.
Ele lembra que o resultado para uma rede de supermercados depende muito do mix de produtos e do tamanho da empresa.
Preocupações com a linha de fornecedores, o espaço ideal para exposição dos produtos, as formas de estimular o cliente a fazer a compra de têxteis em supermercados são alguns dos desafios, afirma o especialista.
Segundo ele, alguns operadores no exterior são bastante competentes na operação de moda em varejo alimentar. Entre as empresas que conseguem ter boas margens de venda e atração de clientes estão os grupos Monoprix, na França; Tesco, no Reino Unido; Loblaws, no Canadá, e a rede Target, nos Estados Unidos.
Veículo: Brasil Econômico