Novos equipamentos usam gás carbônico para manter alimentos congelados e conseguem diminuir, em média, 15% custos mensais com energia elétrica
São Paulo - Um dos principais vilões da conta de eletricidade dos supermercados e principais geradores de gases nocivos ao meio ambiente, os refrigeradores de alimentos comerciais começam agora a ganhar novas versões mais sustentáveis.
Recém-chegada ao Brasil, a tecnologia de refrigeração através do gás carbônico (CO2) tem atraído grandes redes supermercadistas por ser menos agressiva ao meio ambiente e gerar uma economia média mensal de até 15% nos gastos com energia elétrica.
Segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em 2014, o segmento de refrigeração dos estabelecimentos brasileiros consumiu mais de 8,4 gigawatts/hora (GWh), o equivalente a 2,5% do consumo de energia em todo o País. Por loja, o consumo médio ficou em 103 megawatts/hora (MWh), o que resultou em um gasto de aproximadamente R$ 3,5 bilhões apenas com eletricidade.
Depois de estudar os ganhos com a implementação do novo sistema, o grupo francês Carrefour decidiu instalar em uma de suas unidades com a bandeira Atacadão o novo sistema de refrigeração utilizando toda a tecnologia que utiliza o CO2 transcrítico. Mesmo sem divulgar o investimento realizado com a adoção do aparelho, a rede já faz o cálculo dos ganhos obtidos com a tecnologia. "Fizemos a primeira instalação em junho deste ano e, pelos primeiros resultados, tudo mostra que conseguiremos atingir uma economia com energia em torno de 15% naquela unidade. À medida que formos substituindo os antigos aparelhos, vamos colocar esse tipo de refrigerador no lugar. Em alguns anos devemos levar para 100% da rede", diz o diretor de sustentabilidade e responsabilidade social do Carrefour no Brasil, Paulo Pianez.
De acordo com ele, a tecnologia está em fase inicial, uma vez que, há alguns anos, não era aplicada em locais com temperaturas elevadas. Estima-se que a instalação desse sistema represente um potencial de aquecimento global (Global Warming Potential, da sigla em inglês) 3,5 mil vezes menor em relação aos fluidos convencionais utilizados.
"É claro que do ponto de vista financeiro esses aparelhos ainda sejam mais caros que os comuns, porém, com o ganho de escala que deve ter nos próximos anos, deve se tornar mais acessível", opina.
Além dessa medida, o Carrefour tem fortalecido suas estratégias sustentáveis por meio da troca de lâmpadas comuns por LEDs, instalação de estações de coleta seletiva nas unidades e um programa de economia de recursos hídricos. Este último, segundo Pianez, resultou em economia de custos da ordem de 20% desde quando foi implementado, em meados de 2014.
Solução para todos
Na visão do gerente de aplicação e serviço da Danfoss, especializada em eficiência energética e sustentabilidade para supermercados, Eduardo Drigo, o apelo sustentável e a alta nos custos com energia elétrica e outros recursos levaram os supermercados a acelerar seus investimentos nessa área.
"Os custos com energia elétrica passaram a ser a segunda maior despesa em algumas redes de supermercados, superando aluguel e só atrás da folha de pagamentos. Essa conta está diretamente ligada aos refrigeradores", garante Drigo.
No entanto, soluções como a adotada pelo Carrefour ainda são uma realidade distante para os pequenos lojistas, em função dos altos custos desses equipamentos.
"Acredito que mesmo assim é possível atingir o mesmo índice de redução de custos nas lojas de bairro e conveniências com outros projetos. Em média, conseguimos diminuir em 50% os gastos desses tipos de estabelecimentos. Apesar de aparentar ser caro inicialmente, as mudanças costumam dar retorno em 6 meses", afirma.
Fonte: DCI