Sem muito espaço para estocar produtos, varejistas de vizinhança disponibilizam, pela primeira vez em cinco anos, ofertas mais em conta que modelos consolidados de super e hipermercados
Atibaia - Pela primeira vez em cinco anos, os preços praticados pelos mercados do modelo proximidade (com quatro ou menos caixas) estão mais baixos que os observados nos supermercados e hipermercados.Segundo uma pesquisa da consultoria Gfk, elaborada em parceria com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o pequeno varejo de bairro cobra, atualmente, uma média de R$ 232,49 por um pacote de itens básicos de uso familiar diário, enquanto no grande varejista (com cinco ou mais caixas) o custo pelo mesmo conjunto de itens é, em média, de R$ 233,81.
Ouvidos pelo DCI, especialistas e representantes do setor acreditam que o principal motivo para que o preço praticado pelos pequenos mercados esteja mais baixo é a falta de espaço em estoque para poder ampliar o mix com itens em embalagens mais econômicas, o que levou os empresários a evitar maiores repasses, para garantir clientes. "O pequeno varejista, de fato, segurou de forma mais consistente os preços.
Ele evitou repassar alta nos custos e a inflação para o consumidor por conta da redução do consumo. O grande varejista pôde, no mesmo período, oferecer produtos em embalagens econômicas, mantendo a lucratividade. Para os 'mercadinhos', não havia essa saída", diz o diretor da GFK, Marco Aurélio Lima. O estudo aponta que a inflação média monitorada no mercado de vizinhança está estacionada em 11%, a contar os primeiros nove meses deste ano. Já no grande varejo, a alta nos preços chega a 15%.
Inflação
O levantamento mostra ainda que em todas as regiões do País os preços dos alimentos nos 'mercadinhos' subiram menos, em comparação com os modelos maiores. Questionado se o fato pode ter diminuído a lucratividade do pequeno varejista, Lima diz que foi a saída encontrada para evitar uma queda ainda maior nas vendas. "Obviamente isso aconteceu [queda do lucro]. Mas foi a estratégia adotada para que a queda nas vendas não fossem muito acentuada".
De acordo com um estudo da Nielsen, nos primeiros oito meses deste ano, as vendas dos mini mercados apontavam a uma queda de 4,4%, em comparação com o mesmo período de 2015. Apesar do número alto, os modelos hipermercado e supermercado demonstram quedas superiores, de 5% e 4,6%, respectivamente.
Para a Associação Brasileira de Automação para o Comércio (AFRAC), a praticidade vai além do preço. "Falta tempo. Esta é a primeira mudança do hábito do consumidor. É comum ir a um desses estabelecimentos para repor algum produto que falta em nosso lar e chegar lá e ver soluções como 'Cantinho do Lanche', com opções práticas e rápidas e os ingredientes dispostos de forma que o consumidor possa rapidamente optar pelos produtos", detalha o presidente da AFRAC, Zenon Leite Neto.
Pé no acelerador
Com o aumento da importância dos 'mercadinhos' no mapa do consumo no País, as grandes varejistas também brigam por uma fatia deste mercado. O Grupo Pão de Açúcar (GPA), por exemplo, trabalha com as bandeiras Minuto Pão de Açúcar, e MiniMercado Extra como alternativas às mega operações. O rival Carrefour também aposta no modelo, com a bandeira Carrefour Express.
Com exclusividade ao DCI, a rede anunciou a abertura da quinquagésima loja neste modelo. "A bandeira se consolida como uma solução conveniente, levando a um número cada vez maior de clientes uma experiência de compra ágil e agradável a um preço competitivo para o segmento", ressalta o diretor do Carrefour Express no Brasil, Luis Curti. A nova loja é a quinquagésima loja do Carrefour Express, em São Paulo (SP), e está localizada no Shopping Metrô Tucuruvi, sendo a quarta aberta dentro de um centro de compras. / *O repórter viajou a Atibaia a convite da Abras
Fonte: DCI / Sammy Eduardo