O volume vendido de produtos em supermercados e hipermercados registrou queda em 2016, pelo segundo ano consecutivo, informou ontem a Nielsen, empresa especializada em pesquisas de mercado. Retração por dois anos seguidos neste indicador é algo que nunca havia ocorrido na história da pesquisa, que começou a ser realizada em 1992.
Ainda ontem, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) revisou para baixo a previsão de vendas do setor em 2017, de uma alta real de 1,5% para 1,3%. Falta de sinais mais claros de reação em renda e emprego motivou o ajuste na estimativa. Em 2016, o setor apurou expansão nas vendas de 1,58%, em termos reais (deflacionado pelo IPCA/IBGE)
Segundo os dados da Nielsen, parceira da Abras na elaboração de pesquisas, a venda em volume teve queda de 4,7% em 2016 sobre 2015, sem incluir nesse número o "atacarejo", que vende para empresas e pessoas físicas. É uma queda em relação a 2015, quando já havia sido registrado redução de 1,2%. Esse número inclui as vendas de alimentos, bebidas, itens de higiene, limpeza e beleza em supermercados e hipermercados. Ao se incluir o atacarejo no cálculo, as vendas ainda caem, mas a retração é menor - a diminuição é de 3% em 2016 em cima de uma leve alta de 0,1%.
A pesquisa traz uma comparação entre renda e gastos por classe social e conclui que apenas nas classes A e B o gasto anual supera a renda em 0,8%. Nas outras classes, isso já não acontece como nos últimos anos. Na classe C, o gasto ficou 1,2% inferior à renda em 2016, e nas classes C e D, 0,8% menor. "Isso ocorreu porque a população foi ajustando os rendimentos ao volume de contas a pagar por causa da crise", disse Lenita Mattar, gerente de atendimento da Nielsen.
A Abras informou que deve publicar em maio os dados sobre ranking do setor. A entidade inclui nas vendas do Grupo Pão de Açúcar (GPA) a operação de Casas Bahia e Ponto Frio. Ao se considerar apenas a área alimentar, o Carrefour deve alcançar vendas brutas de R$ 49 bilhões (cresceu 15% em 2016). O GPA deve vir em segundo lugar, com vendas brutas entre R$ 44,5 bilhões e R$ 45 bilhões (alta de 11%), apurou o Valor.
Por Adriana Mattos | De São Paulo
Fonte: Valor Econômico