Programa de rastreabilidade mostra que o volume de frutas, verduras e legumes adequado às normas do Ministério da Agricultura avançou três pontos percentuais no ano passado, diz Abras
São Paulo - A rastreabilidade, caminho do alimento da lavoura ao consumidor final, passou a ser tratada com maior importância no setor de hortifrúti. O resultado é uma alta no volume de frutas, verduras e legumes em condições adequadas quanto ao uso de defensivos
No ano passado, de 1,08 milhão de toneladas rastreadas de alimentos verificados, 73% estavam em conformidade com as normas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, de acordo com o segundo balanço anual do Programa de Monitoramento e Rastreabilidade de Alimentos (Rama) divulgado ontem pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
"A conformidade saiu de 70% e aumentou três pontos percentuais. O objetivo de 2017 é continuar baixando a presença de resíduos [inadequados], expandir o volume rastreado e a identificação", afirma o diretor da Paripassu, Giampaolo Buso, empresa que mensura esses dados.
O desempenho positivo se deve a melhoria na conscientização do produtor rural, aliada à capacitação técnica ao longo da cadeia, dizem especialistas. O coordenador de produção integrada da cadeia agrícola do Ministério, Helliton Rocha, comenta que a pasta possui 28 comissões técnicas para atender as demandas permanentes de cada segmento.
Apesar dos avanços, verduras como a alface, frutas com caroço como o pêssego e o pimentão ainda figuram na lista dos inconformes. O pimentão já foi o vilão de um processo que vem sendo solucionado aos poucos: esteve 80% fora dos padrões sanitários e atualmente está 50%.
O Rama conta com o apoio da pasta agrícola e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e analisa uma gama de produtos mais extensa que a dos órgãos oficiais. "Não estamos falando de 25 itens, são 92. A abrangência nos leva a encontrar mais problemas", justifica Buso.
Os próprios supermercados providenciam análises dos produtos para identificar a presença de agroquímicos. Quando uma inconformidade é constatada, o superintendente da Abras, Márcio Milan, explica que o agricultor é notificado para que realize as devidas adequações.
Gargalos que ocasionam estes entraves, além da necessidade ainda maior de capacitação, estão no beneficiamento primário dos produtos.
"Precisaríamos que o produto saísse da mão do agricultor pronto para o consumo, em porções adequadas e rastreabilidade completa", sugere o representante do Ministério. Cerca de 6% do hortifrúti que chega ao supermercado é perdido por necessidade de manuseio interno, percentual que poderia ser minimizado com a estratégia. Melhoria na remuneração por valor agregado ajuda a incentivar o setor.
Padrões normativos que faltavam para verduras e o pimentão estão em desenvolvimento pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e, de acordo com Rocha, os protocolos estarão prontos entre 2017 e 2018.
Integração
Para atender a ponta inicial dos processos de rastreabilidade, a Bayer disponibiliza um conjunto de ferramentas ao agricultor. Antes, eram realizados apenas treinamentos mas, dada a demanda, no ano passado foi consolidado um programa específico.
"Temos um serviço de caderno eletrônico no qual o produtor insere todas as informações sobre a aplicação e os agentes utilizados. Utilizamos um sistema de rastreabilidade em parceria com a Paripassu, análise de resíduos e oferecemos o treinamento", conta a gerente de desenvolvimento sustentável e parcerias na cadeia de valor da Bayer, Cristiane Lourenço.
Segundo a executiva, os primeiros resultados com os agricultores estão sendo colhidos.
Nayara Figueiredo
Fonte: DCI - São Paulo