O aumento dos tributos sobre o diesel deverá refletir em elevação de preços para o consumidor, segundo associações do setor de transportes e de distribuição, que criticou a medida na sexta-feira (21).
Em nota, Clésio Andrade, presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte), afirma que o aumento de impostos sobre o diesel terá um impacto de 2,5% sobre o preço do transporte de cargas no Brasil.
Como consequência, a elevação de tributos acarretará aumento de preços de alimentos e de todos os produtos consumidos pela população.
Em meio a dificuldades para fechar suas contas, o governo aumentou as alíquotas de PIS e Cofins sobre combustíveis. No caso do diesel, o aumento foi de 86%.
Com isso, o diesel terá aumento de R$ 0,21 por litro. Seu preço médio no país foi de R$ 2,94 em julho, segundo a CNT.
A confederação diz que o aumento de impostos vem em momento ruim para o setor de transportes, após queda de 7,1% em 2016 e o fim da desoneração sobre a folha de pagamentos.
Segundo a CNT, além de elevar preços, o aumento da carga tributária ameaça empregos no setor de transporte.
"Para barrar o déficit público, em vez de aumentar impostos, o governo precisa buscar novas receitas de concessões e privatizações, investir em infraestrutura e prosseguir na modernização do Estado, realizando, ainda este ano, a Reforma da Previdência", disse em nota o presidente da CNT.
Renegociações
O aumento de alíquotas levará a renegociações de contratos entre empresas que contratam fretes e transportadoras, diz Pedro Lopes, presidente da ABTC (Associação Brasileira de Logística e Transporte de Cargas).
"Alguns embarcadores [empresas que enviam as mercadorias] são sensíveis ao aumento de custos. Outros, com dificuldades devido ao momento econômico, vão barganhar para que não assuma esse aumento. O diálogo será meio demorado", diz.
Ele diz que o setor de transporte já trabalhava com preços de frete defasados em relação ao custo, devido à crise econômica. O setor esperava uma recuperação de margem com o início da melhora da economia, mas o aumento de alíquotas impedirá que isso aconteça.
Lopes avalia que o aumento do Pis e da Cofins trará um aumento de custos que ficará entre 4% e 7% para o setor.
Distribuidores
Emerson Luiz Destro, presidente da Abad ((Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores) chamou o aumento de inadmissível e disse que ele implicará em um novo sacrifício para que o setor se ajuste em um cenário que já é conturbado economicamente.
Em nota, a associação destacou que as empresas do setor, atender mais de 1 milhão de varejistas pelo Brasil, mantêm uma frota de mais de 155 mil veículos, entre próprios e terceirizados, rodando diariamente.
"o governo sinaliza que vai adotar o caminho mais fácil para cobrir o rombo nas contas públicas. Não é, definitivamente, o que os empresários e os trabalhadores esperam. É lamentável.
Queremos empenho e seriedade para que sejam colocadas em prática soluções viáveis, que não onerem ainda mais o setor produtivo."
Outros setores
Outras associações também manifestaram desagrado com o aumento dos tributos. Segundo Fernando Pimentel, presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), o aumento no custo do frete terá mais impacto sobre pdotuos de menos valor. Isso porque, proporcionalmente, ele levará a um encarecimento maior dos itens.
Ele diz acreditar que o impacto inflacionário não será dramático, mas critica o tipo de medida adotado para equilibrar o orçamento.
"Você está tirando dinheiro do lado mais eficiente da economia [o setor produtivo] e colocando no menos eficiente. Não é simples, o problema fiscal é grande, mas estão usando uma receita velha para resolver isso."
A ABComm, do setor de comércio eletrônico, afirmou que o aumento dos combustíveis impactará em aumento nos preços e inflação em toda cadeia produtiva brasileira, incluindo a do comércio eletrônico, em razão do aumento de custos dos frete das encomendas expressas.
Em nota, João Sanzovo, presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), disse que o aumento no valor dos combustíveis terá reflexo em toda a cadeia de abastecimento e irá penalizar todos os setores da sociedade.
Já a Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) disse que avalia que o momento para a indústria é de reafirmação de seus planos e propósitos, com ligeira retomada, não sendo o melhor cenário para uma elevação dos custos.
Fonte:Folha de São Paulo