Com a perspectiva de que a queda da inflação gere, no médio prazo, efeito positivo no volume de vendas, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) reviu a projeção para o resultado do ano, de 1,3% para 1,5%. O otimismo da entidade, no entanto, contrasta com a confiança do empresário, que caiu em junho.
A revisão foi divulgada ontem (27) durante coletiva em que a associação apresentou os resultados do primeiro semestre do ano. De janeiro a junho os supermercados viram um avanço de 0,95% no faturamento, frente a 2016. A alta se deu em cima de uma base baixa, já que no mesmo período do ano passado as vendas tinham ficado praticamente estáveis, com avanço de 0,07%.
Influiu também para o crescimento do período a liberação dos recursos das contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o leve aumento nas contratações, explica o presidente da entidade, João Sanzovo Neto. A melhora de alguns indicadores econômicos, como a queda da inflação e dos juros, também beneficia o setor, segundo ele. Os impactos, no entanto, ainda não foram percebidos com intensidade nas lojas.
"A queda da inflação não aparece no crescimento do valor de vendas, porque o volume não cresce de imediato, e tem a demarcação de preços. Mas ela pode vir a impactar futuramente no volume. Acreditámos que devemos começar a sentir esse impacto já durante o segundo semestre", afirma.
A redução dos preços de alimentos foi abordada pelo Grupo Pão de Açúcar (GPA) em teleconferência realizada na quarta-feira (26). Na ocasião, a varejista ressaltou que de imediato o impacto da inflação mais baixa é negativo para a empresa, porque prejudica no valor vendido, sem melhora do volume. Já no médio prazo, o presidente do GPA, Ronaldo Iabrudi, pontuou que de fato ela deve contribuir para o setor, uma vez que aumenta o poder de compra do consumidor, gerando um avanço no volume de produtos vendidos.
De acordo com Sanzovo, da Abras, outro aspecto que influenciou na decisão da entidade de revisar a projeção para o ano foram as quedas consecutivas da taxa básica de juros, que na última reunião do Copom foi reduzida para 9,25%.
Empresário receoso
Apesar do maior otimismo da entidade, os empresários do setor supermercadistas continuam receosos em relação ao ambiente econômico e político. Um estudo da GfK, divulgada na coletiva, mostra que o índice de confiança caiu em junho para 48,5 pontos, abaixo da zona de indiferença. Em fevereiro deste ano o indicador estava em 56,1 pontos. O índice varia de 0 a 100, sendo que um resultado abaixo de 50 representa uma perspectiva negativa em relação ao ambiente atual do País. A retração da confiança se deu também em se tratando das perspectivas futuras. Enquanto em abril deste ano 56% dos empresários esperavam que sua empresa estivesse melhor nos próximos seis meses, em junho o percentual caiu para 46%.
Em relação ao resultado do mês de junho, houve uma alta de 2,71% frente ao mesmo período do ano passado, e de 0,59%, na comparação com maio, apontou a entidade.
Fonte: DCI São Paulo