Mais alimentos respeitam limite de agrotóxicos

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São Paulo - A quantidade de frutas, verduras e legumes vendidos em supermercados que estavam em conformidade com os limites de resíduos de agroquímicos aumentou 6,9% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2016.

 

No primeiro semestre de 2017, 77% dos itens analisados por meio do Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos (Rama) da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) atenderam às exigências. No mesmo período do ano passado, o índice era de 72%.

 

O programa foi criado pela Abras em 2011 e avalia amostras de 95 produtos para identificar se obedecem aos limites mínimos de resíduos permitidos e se têm substâncias tóxicas ou proibidas.

Dentre os destaques, o índice de amostras em conformidade do pimentão atingiu 42% neste semestre, ante 37% no primeiro semestre do ano passado. Ainda assim, o item é o líder entre produtos que apresentaram mais problemas no semestre.

 

O alface teve 80% de amostras em conformidade, acima do resultado do primeiro semestre do ano passado, quando o indicador foi de 50%.

De acordo com o diretor comercial da PariPassu, Gianpaolo Buso, esses são os produtos que apresentaram mais problemas. A empresa é responsável pela gestão do programa.

 

Muitas vezes citado entre os produtos com índices expressivos de resíduos, as amostras de tomate em conformidade chegaram a 86% neste primeiro semestre. No mesmo período do ano passado foram 72%. Este também foi o produto com o maior número de amostras analisadas, 194 nos primeiros seis meses do ano.

 

No caso da manga, todas as amostras analisadas estavam de acordo com as regras no semestre. Nos primeiros seis meses do ano passado, elas representaram 67% do total avaliado para o produto.

"As inconformidades diminuíram muito e acho que o maior impacto para isso é a conscientização", salienta o dirigente da PariPassu.

 

Ele ainda argumenta que o uso de agroquímicos é oneroso, o que leva o produtor usar os produtos com mais cautela. "Em um momento de economia como o atual, o produtor se questiona sobre um jeito diferente de produzir", explica. Ele ainda afirma que existem casos de uso equivocado dos produtos, seja de uso acima da medida necessária ou quando não é preciso.

 

Também é parte de programa a rastreabilidade dos alimentos, identificando a origem do produto. No primeiro semestre deste ano foram rastreadas 618 mil toneladas, crescimento de 12% em relação ao mesmo período de 2016. Participam do programa 600 produtores e distribuidores que fornecem para 46 redes de supermercados do País, incluindo o Carrefour. Segundo a Abras, outras grandes redes negociam o ingresso no Rama.


Faturamento

O faturamento com vendas de frutas, legumes e verduras nos supermercados representa 20,8% do total do setor no País, o equivalente a R$ 70,4 bilhões. A meta do programa é responder por 30% desse total em 2020. "A gente precisa melhorar na comunicação com o consumidor. Se ele estiver informado vai cobrar a participação dos supermercados no programa", diz o superintendente da Abras, Marcio Milan.

 

Segundo ele, a iniciativa ganha mais importância em um momento em que o consumidor está inseguro, devido a notícias como a Operação Carne Fraca, e irregularidades ligadas a produtos como o azeite, por exemplo. "Um programa como esse dá segurança para o setor produtivo como um todo. A gente precisa conhecer cada etapa do processo para poder garantir ao consumidor que ele pode adquirir o alimento e que ele é seguro."

 

Para a pesquisadora da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Cepea), Anita Souza Dias, Gutierrez, parte das causas de registro de resíduos acima do limite é a falta de produtos específicos para cada produto. "Culturas que ocupam áreas pequenas ou até áreas grandes, mas com receita menor, tendem a ter poucos produtos registrados", afirma.

 

Com isso, muitos agricultores usam produtos indicados para culturas semelhantes para combater pragas na falta de opções para a lavoura a que se dedicam. "Na prática, temos a maioria das culturas com problema grave de falta de agroquímicos específicos."

 

Ela afirma que a demora na aprovação de agroquímicos e a forma como é feito o registro no Brasil atrapalha o encontro de soluções para pragas. Ela também observa que, enquanto no exterior o registro é feito por princípio ativo, no Brasil é feito por cada marca, o que inibe os registros para diferentes culturas.

 

A pesquisadora ainda salienta que há diferença entre o limite mínimo de resíduos permitido e o nível de risco que o produto pode causar para o consumidor. "Se um produto está acima do limite determinado não significa que tenha riscos ao consumidor", afirma.

 

 

Fonte: DCI São Paulo

 


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