Atibaia (SP) - Com a alta dos furtos, principalmente de bebidas e itens de perfumaria, os supermercados brasileiros registraram no ano passado um nível de perdas de 2,1% do faturamento bruto, índice superior ao de 2015. O total da ruptura, em valores, foi de R$ 7,11 bilhões, equivalente ao faturamento de uma rede de grande porte.
Os dados foram divulgados ontem pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) durante a 51º Convenção Abras. O crescimento em relação a 2015 - de 0,14 ponto percentual - ocorreu, principalmente, pelo impacto do aumento do número de furtos. Para o presidente da entidade, João Sanzovo Neto, o cenário é natural em momentos de crise econômica. "Os supermercados precisam melhorar a segurança dos itens de mercearia seca, líquida e perfumaria, porque são produtos suscetíveis ao furto", diz.
Fatores como a quebra operacional, erros administrativos, de inventário e falhas dos fornecedores também contribuíram para o avanço das perdas no período (veja no gráfico).
Na avaliação por categoria de produtos, a maioria das 14 analisadas apresentou queda no nível de perdas, frente 2015. Os avanços dos setores de mercearia líquida, seca e perfumaria, no entanto, puxaram o índice para cima, uma vez que as três representam mais de 40% de toda a amostra.
Segundo o presidente da Abras, o montante perdido em 2016 equivale a uma rede que estaria na quinta colocação do ranking Abras - indicador que mede as maiores varejistas do ramo de supermercados.
Apesar do impacto expressivo, o estudo mostrou que 40,3% dos supermercados ainda não possuem uma área focada na prevenção de perdas. O número apresentou um crescimento em relação à pesquisa do ano anterior, quando 34,3% das empresas do ramo afirmaram não possuir uma área de prevenção. "Temos muito trabalho pela frente para diminuir as perdas e desperdícios no nosso setor", diz.
Diretor de sustentabilidade do Grupo Carrefour, Paulo Pianez também ressaltou, durante o evento, a importância do tema para o ramo supermercadista. "O volume de perdas que temos hoje não raro é maior do que a rentabilidade de nossas respectivas empresas. Ou seja, isso é um câncer que tem que ser combatido. É um assunto chato de se falar, mas essencial para o nosso negocio."
Ele afirmou ainda que o Carrefour tem feito um trabalho forte para a diminuir perdas, que tem garantido um índice abaixo da média do setor. "Temos conseguido trabalhar hoje para que nosso índice seja menor do que a média do mercado", comentou. Questionado pelo DCI sobre o valor exato, o executivo se limitou a dizer que é pouco abaixo dos 2,1%.
Perspectiva para o setor
Durante o evento, o presidente da Abras falou também sobre as perspectivas da entidade para o desempenho deste ano. Segundo ele, o ramo deve fechar 2017 com estabilidade ou leve alta no volume de produtos vendidos. Em relação ao crescimento da receita, contudo, ele apontou que o "forte impacto da deflação pode fazer com que a alta nem atinja o 1,5%" - valor previsto pela entidade em julho. /O repórter viajou a Atibaia a convite da Abras
Fonte: DCI São Paulo