Protesto de caminhoneiros pode esvaziar prateleiras de supermercados no DF

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A greve dos caminhoneiros já causa impacto em diversas áreas na rotina do brasileiro. Falta etanol nas bombas de combustíveis do Distrito Federal e existe o risco de que acabe a gasolina nos postos de várias regiões do Brasil. Nos aeroportos, voos foram afetados e a Inframerica proibiu que aviões com necessidade de abastecimento pousassem em Brasília. Agora, a corrida é ao supermercados da cidade. Diante da possibilidade de escassez de alimentos, algumas pessoas já se mostram preocupadas e procuram fazer reservas em casa.

 

A reportagem do Correio percorreu supermercados de Brasília e funcionários garantem: há chance de faltar comida perecível nas prateleiras do Distrito Federal. Segundo o gerente do supermercado Veneza, Givanildo de Aguiar, vai depender de quanto tempo durar a greve dos caminhoneiros. "O DF não produz muitas frutas especiais, como o melão, por exemplo. A chance é de encarecer um pouco os preços nesses produtos mais perecíveis, se o estoque de atacados e mercados cavar", explica.

 

Dois funcionários de um supermercado da cidade, que não quiseram se identificar, afirmam que a tendência é, sim, faltar comida no DF em poucos dias. "Os atacadões, que vendem para todo mundo, podem ser os mais afetados", afirma um deles. "Além disso, estamos muito preocupados com a possibilidade de faltar batata, principalmente. Porque perecíveis como frutas que vem de outros estados, por exemplo, as pessoas não consomem tanto. Mas batata é algo muito no gosto do brasileiro”, analisam.

 

A faturista hospitalar Suzane Santos, 45 anos, acredita que a tendência é que as pessoas comecem a estocar comida em cidades do Entorno. "Como no Cruzeiro temos muitos atacados, o estoque deve durar mais. Mas cidades do Entorno estão mais vulneráveis, pela quantidade de gente e por conta da greve. Os estoques não devem durar muito", diz a mulher, que concedeu entrevista enquanto fazia compras.

 

Em nota, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) diz estar acompanhando atentamente o protesto nacional dos caminhoneiros contra o aumento do preço do diesel. "Mesmo com o esforço do setor de supermercados para garantir o perfeito abastecimento da população brasileira, identificamos que alguns estados já começaram a sofrer com o desabastecimento de alimentos, e que isso poderá se estender para todo o Brasil nos próximos dias, se algo não for feito", dizia o documento.

 

Em busca de uma solução, a Abras diz que tenta interceder junto ao governo federal, afim de sensibilizar as autoridades a alcançar uma solução imediatamente, "evitando, assim, que a população sofra com a falta de produtos de necessidades básicas e com uma eventual elevação nos preços", finalizou. 

 

Alta nos preços

 

O funcionário público Giuliano Ricci, 45, considera um absurdo a possibilidade de aumento de preços, mas não acredita que haja risco de desabastecimento. "Mas se houver a alta que falam, conforme tem subido a gasolina hoje, vai ser só mais uma desculpa para encarecerem os preços", critica.

 

Outro estoquista, que também não quis ser identificado, afirmou ao Correio que a maioria dos grandes supermercados já devem ter se precavido. "A tendência da maioria vai ser comprar mais dos fornecedor e estocar em locais próximos", revela. "Mas a empresa já ligou e notificou que há a chance de faltar, sim, caso a greve dure muitos dias", afirma.

 

A aposentada Carla Parrisi, 54, acredita que a possibilidade de escassez de alimentos não produzidos no DF possa mudar o hábito da população. "Quem sabe assim as pessoas comprem produtos mais saudáveis e regionais, de fornecedores locais, incentivando a mudança de hábito, já que acho que faltarão produtos mais industrializados", projeta.

 

Fonte: Correio Braziliense


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