Quem vai ao supermercado já percebeu que uma figura sumida do local está voltando timidamente: o empacotador. Muitos estabelecimentos estão recontratando novos funcionários para a função. O motivo é simples fidelização de clientes. Segundo dados do último Ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o setor faturou R$ 353 bilhões, correspondendo a 5,4% do Produto Interno Bruno (PIB) do País.
Apesar da força das grandes redes, os minimercados ficaram com uma fatia de 35% do faturamento, conforme outro levantamento feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), demonstrando que somente a sofisticação do estabelecimento e diversidade de produtos não têm sido suficientes para conquistar o cliente.
Entre os principais diferenciais dos pequenos está o atendimento personalizado ao cliente, bem ao estilo dos tradicionais mercados de bairro, onde o dono conhecia o freguês pelo nome. Com a proposta de trazer um atendimento mais pessoal, alguns supermercados maiores estão retomando algumas práticas dos minimercados. Uma delas é o serviço dos empacotadores. Essa função havia sido eliminada, para diminuir os custos e o empacotamento das compras estava por conta do próprio cliente, mas agora o cenário é outro.
“A gente percebe que o cliente gosta de contar com nossa ajuda. Tem gente que usa o horário do almoço para fazer as compras, outros deixam para ir ao supermercado de noite, quando já estão cansados”, explica o empacotador Jefferson dos Santos, de 18 anos.
Segundo Débora Tavares, diretora de um supermercado em Goiânia, na medida em que os estabelecimentos ampliaram sua estrutura para oferecer diversidade ao cliente, o atendimento passou a ser mais impessoal. “Contudo, com a rotina acelerada nos grandes centros, oferecer um atendimento mais empático voltou a ser importante”, afirma.
Para a professora Elaíne de Souza, de 51 anos, a função do empacotador vai além de um atendimento especializado. Ela analisa que esses funcionários podem ajudar os idosos que têm dificuldade de locomoção, por exemplo. Outro fator que é considerado por ela é a existência de longas filas na hora de passar no caixa, com uma pessoa embalando as mercadorias, na sua opinião, o atendimento é mais rápido.
Primeiro emprego
Como todas as empresas do ramo de varejo, os supermercados são uma porta de entrada para a carreira de muitas pessoas. Lá, jovens encontram a oportunidade para um primeiro emprego. Segundo a Associação Goiana de Supermercados, muitos que hoje exercem a função de chefia nestes estabelecimentos começaram com a função de empacotador.
“Um embalador é essencial nos supermercados hoje em dia. E geralmente não é cobrado experiência para esse cargo, o que precisamos é de pessoas dispostas a aprender e simpáticas com o cliente”, afirma Maria Marta, gerente de Recursos Humanos de uma rede de supermercado.
De acordo com ela, os jovens são a maioria que procuram uma vaga nesta função. Contudo, ela disse que vem crescendo o número de pessoas acima dos 60 também dispostos a serem empacotadores, em especial em supermercados pequenos e de bairros. A justificativa é na busca de um acréscimo financeiro no final do mês dos aposentado e junto a isso também o fator de que esse público quer continuar trabalhando.
Fonte: DM