O palete PBR foi concebido para ajudar a movimentar, armazenar e transportar produtos com a máxima segurança e com mais produtividade. Uma iniciativa da ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados, com a marca PBR registrada pela entidade desde a década de 1990, a ideia surgiu da constatação de que o transporte realizado entre supermercados e seus fornecedores envolvia pouca ou nenhuma mecanização, o que exigia uso extensivo de mão de obra para a carga e descarga dos caminhões. Na maior parte das vezes, os paletes só eram utilizados para a estocagem.
Agora, o PBR passou por uma atualização que culminou na versão 2019. Esta atualização surgiu de uma dupla demanda: do mercado consumidor, que buscava um produto economicamente mais eficiente, e de uma necessidade imediata dos fabricantes credenciados, que precisavam se adequar à menor oferta de madeira disponível no mercado.
A partir do segundo semestre de 2018, a madeira passou a sofrer forte pressão do aumento das exportações e houve uma sensível alta nos preços no mercado brasileiro. Para evitar o repasse dessa alta aos clientes finais fazia-se necessária uma adaptação urgente. A solução passou pela adequação de algumas medidas de componentes do palete PBR e pela adoção da madeira de eucalipto – cuja oferta se encontra menos pressionada –, resultando em um produto com as mesmas premissas em relação à capacidade de carga e padronização, porém mais viável economicamente.
Este processo de atualização se estendeu por mais de dois anos, com a realização de uma série de estudos, até que se chegasse ao modelo definitivo, submetido em seguida a testes no IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas.
Dois princípios indispensáveis serviram de guias para o desenvolvi- mento dessa versão atualizada do PBR: a Aplicação Universal – possibilidade de o palete ser utilizado em qualquer sistema, método de estocagem ou movimentação – e a Intercambialidade – a substituição do palete que entra com mercadoria por outro igual do mesmo padrão. Para ser intercambiável, é essencial que o produto seja padronizado – e para isso é preciso que existam normas, especificações técnicas e procedimentos bem elaborados e fiscalizados.
A versão 2019 do palete PBR tornou-se disponível para fabricação pelas empresas credenciadas a partir de 15 de julho último.
A atualização do palete PBR também fortaleceu a parceria entre a ABRAS, a ANAPEM – Associação Nacional dos Produtores de Paletes e Embalagens de Madeira, que regula a produção dos paletes, e o IPT, que conferiu credibilidade aos testes no projeto.
“Os processos operacionais, bem como as relações institucionais relevantes, poderão ser focados para que todos possam ter ganhos significativos, tanto em qualidade como em agilidade. Queremos democratizar a produção e o uso do palete PBR, elevando ainda mais os padrões de qualidade, sustentabilidade, governança e compliance”, afirma o superintendente da ABRAS, Marcio Milan.
Pontos considerados
Segundo a ANAPEM, a atualização do palete PBR consolidou um processo de modernização que garante um maior alinhamento do produto às expectativas do mercado. Ao satisfazer tanto os aspectos técnicos quanto econômicos, foi possível solucionar algumas questões complexas, como a unitização, intercambialidade, armazenagem, movimentação e exposição de produtos cada vez mais próximos ao consumidor final.
“O mercado está em constante adaptação das disponibilidades de matéria prima e o desenho técnico, as especificações técnicas e os outros processos relacionados com o palete PBR precisavam acompanhar estas necessidades”, explica o presidente da ANAPEM, Marcelo Canozo.
Também foi criado o “Manual de Utilização do Palete PBR Versão 2019”, cujo proposito é orientar os usuários sobre os elementos fundamentais que devem ser observados para aferir a qualidade e boa utilização do produto. As orientações se aplicam tanto aos lotes de produtos novos, fornecidos diretamente pelos fabricantes, quanto aos paletes recebidos de fornecedores – como indústrias, comércios e atacados.
O maior objetivo do Manual é manter a reserva de paletes PBR em circulação no Brasil dentro dos padrões especificados, garantindo ao mesmo tempo a integridade dos produtos e a segurança de funcionários e consumidores nas áreas de estoque e nos pontos de venda.
Características
Assim, de acordo com o “Manual de Utilização do Palete PBR Versão 2019”, o novo palete mede os mesmos 1.200 milímetros (Lado Frontal) por 1.000 milímetros (Lado Lateral). Sua altura total é de 137 milímetros e o vão livre tem 99 milímetros. A capacidade é de 1.200 quilos, em carga distribuída uniformemente e armazenado em estrutura portapaletes.
As tábuas da face inferior são espaçadas e chanfradas, de forma a permitir a movimentação por diferentes tipos de equipamentos (paleteiras, empilhadeiras, transelevadores, etc).
Em comparação à última atualização do palete PBR (2012), a versão 2019 é mais leve (pesa aproximadamente 27 quilos), utiliza menos madeira (0,044 m³ por unidade) e exige menos pregos para ser manufaturado (99 pregos).
Mesmo com essas melhorias, o palete PBR 2019 segue suportando a mesma capacidade de carga do modelo anterior (1.200 quilos), desde que obedecidas todas as regras expostas em seu manual de utilização, com um ciclo de vida de aproximadamente três anos, enfatiza a ABRAS.
A madeira é o insumo com maior peso na matriz de custos de fabricação de um palete, em torno de 60% a 65% do total. O desenho técnico atualizado do palete PBR permite que sejam fabricadas 23 unidades com um metro cúbico de madeira, comparado a 17 unidades da versão anterior (2012), resultando em uma redução de 30% em uso de madeira, deixando essa versão mais sustentável.
O palete PBR 2019 também evoluiu em confiabilidade. As parcerias estratégicas entre a ABRAS, a ANAPEM e o IPT permitem manter estudos de melhorias constantes para as necessidades de atualizações futuras. Foi contratada uma empresa especializada em gestão para que seja o principal agente de alinhamento entre as necessidades das partes interessadas – a Volltrix.
Participações
A Volltrix foi a empresa contratada pela ABRAS para profissionalizar a gestão do projeto de atualização do Palete PBR, com o propósito de agilizar, facilitar e manter todos os processos técnicos e operacionais em sintonia com as necessidades dos fabricantes e consumidores do produto. “A VollTrix já prestava serviço muito parecido para outras organizações e nossa linha de atuação, com foco no diálogo e na cooperação, ouvindo e atendendo as demandas de fabricantes credenciados, indústria e comércio, nos permite harmonizar os interesses das partes interessadas”, diz Roger Becker, CEO da Volltrix.
Por outro lado, por reunir em seu quadro associativo a quase totalidade dos fabricantes credenciados para produzir o palete PBR, a participação da ANAPEM foi determinante para alinhar os interesses dos produtores e consumidores do produto. Através de um protocolo de cooperação técnica com a ABRAS, a ANAPEM esteve envolvida desde o início nos diálogos que resultaram no processo de atualização desde 2017 e que resultou na versão 2019 do Palete PBR.
O IPT também esteve presente desde o início do processo de atualização do palete PBR, permitindo que se ampliassem as possibilidades de estudos técnicos envolvendo paletização e movimentação de carga. O auxílio do IPT foi essencial por agregar conhecimentos técnicos para progredir com as atualizações necessárias.
Revalidação
Sobre os objetivos da revalidação documental dos fabricantes credenciados, a ABRAS informa que o principal é melhorar a qualidade das empresas homologadas, para que cada vez mais elas se adequem às normas de compliance e governança das grandes empresas. Além de ajudar os fabricantes a evoluir, essa revalidação pretende ajudar os clientes a escolher fornecedores mais confiáveis e capacitados.
Atualmente há 38 fabricantes credenciados para fabricar o palete PBR. Os nomes e dados dessas empresas estão listados no site da ABRAS, na seção sobre o palete PBR (www.abras.com.br/palete-pbr/fabricantes-credenciados).
Popularização e roubo
A ABRAS também informa que a intenção não é popularizar o palete PBR, mas sim democratizar seu uso, demonstrando a outros setores, além do supermercadista, que existe um padrão testado técnica e mercadologicamente à disposição deles.
A Associação acredita que o uso do palete PBR irá se disseminar pela sua própria qualidade e outros benefícios. Fora do universo dos supermercados, o produto tem encontrado boa aceitação entre empresas de logística, de movimentação de carga, transportadoras e companhias que se dedicam à entrega de encomendas.
É interessante lembrar que o palete PBR oferece uma vantagem competitiva relevante às empresas que precisam organizar processos licitatórios ao fazer compras. Uma regra comum a esse tipo de processo estipula a exigência de que existam pelo menos 20 empresas aptas a participar da licitação, algo facilitado pelo universo de quase 40 fabricantes credenciados pela ABRAS para produzir o palete PBR que existem atualmente.
Já sobre o que tem sido feito com relação ao roubo/desvios de paletes PBR, a entidade afirma que a maior atenção do grupo gestor, em relação às ilegalidades associadas a ele, tem recaído sobre as falsificações deste produto. Para combater esse problema tem-se trabalhado em duas frentes. Por um lado, têm sido desenvolvidas ações de conscientização e treinamento junto aos compradores, para esclarecer os riscos que a aquisição de produtos falsos ou de empresas não credenciadas pode acarretar aos seus funcionários e até mesmo aos clientes que frequentam as lojas onde os produtos são expostos em paletes (atacarejos).
Por outro lado, a ABRAS está finalizando um procedimento padrão que irá ajudar a identificar e inibir os falsificadores e fabricantes não credenciados através de um canal de denúncia que será disponibilizado em breve no site da entidade. Uma vez identificados os envolvidos em atividades ilegais, eles serão notificados – primeiro extrajudicialmente, mas, se persistirem no erro, outras medidas judiciais serão tomadas.
Fonte: Log Web