Questões que estiveram no centro das discussões do setor varejista em 2011 devem voltar a ganhar a atenção do mercado em 2012. As maiores movimentações virão do varejo alimentar e de eletroeletrônicos.
A mudança no controle acionário do Grupo Pão de Açúcar está pronta para acontecer em junho de 2012. Os sócios franceses do Casino passam a ter mais de 50% da holding que controla o GPA, algo pelo qual esperaram por cinco anos.
A profunda reestruturação do Carrefour no Brasil deve se consolidar neste ano. Lá fora, fala-se em mudanças inclusive na linha de frente da varejista, com uma eventual saída do CEO mundial, Lars Olofsson, pressionado pelos acionistas que cobram desempenho melhor, inclusive no Brasil.
É esperado que a varejista apresente em 2012 ganhos operacionais maiores com as reformulações no país, após passar um bom tempo mudando loja e reduzindo despesas operacionais.
Nessa mesma linha, a mudança no modelo de operação do Walmart no país completa um ano no início de 2012. Os resultados ainda parecem não convencer a matriz, pelas declarações do comando, e a expectativa é que isso possa ocorrer neste ano. "Eu estou realmente confiante que nossa política EDLP [estratégia batizada no país de "preço baixo todo dia"] vai funcionar no Brasil", disse a analistas meses atrás, Doug McMillon, presidente do Walmart International.
"Esse deve ser um período para que reformulações em andamento se consolidem em algumas redes", diz Antonio Coriolano Marques, sócio da RetailConsulting. Mudanças dentro das redes em 2012 devem acontecer num momento em que ainda há indefinições sobre o desempenho do setor, afetado pela perda de vigor da economia.
Em julho, o volume de vendas no comércio cresceu 7,1%, e a partir dali, a queda foi consecutiva. Em agosto, caiu para 6,3%, no mês seguinte foi a 5,2%, e atingiu 4,3% em outubro, informa a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE. Para 2012, a CNC estima expansão no comércio de 6,5% em relação a 2011.
"Essa redução de ritmo deve se manter no começo de 2012", diz Claudio Felisoni, presidente do Conselho do Programa de Administração do Varejo (Provar). Segundo ele, há pontos favoráveis como o aumento do salário mínimo e a queda nos juros, e outros que pesam de forma contrária, como a inflação, que corrói salário, e alguns sinais de aumento na inadimplência no comércio e nos bancos. Mas provavelmente, diz Felisoni, "não será um ano muito bom para o consumo".
Veículo: Valor Econômico