Roberto Fulcherberguer, diretor vice-presidente comercial da Via Varejo (criada da união de Casas Bahia e Ponto Frio) decidiu sair do comando da empresa e passará a ocupar uma das vagas do conselho de administração da varejista. O convite foi feito pelos representantes da família Klein, com 47% das ações da Via Varejo.
Um dos conselheiros deve deixar a função para a entrada de Fulcherberguer. Os Klein decidiram segurá-lo e ofereceram a vaga. Não foi uma decisão fácil - tomada após recentes desentendimentos entre os controladores.
Segundo apurou o Valor, no fim de novembro, o executivo começou a ter as primeiras conversas com os Klein sobre sua decisão de sair da Via Varejo. Também conversou com o Grupo Pão de Açúcar, controlador da empresa, e o Casino, dono do GPA. O Casino era contra a sua saída. O estopim desse processo foi o fato de Fulcherberguer não ter se tornado o diretor presidente de Via Varejo, função ocupada hoje por Antonio Ramatis. Fulcherberguer estava sendo preparado para isso.
Há cerca de dois anos e meio, os sócios da Via Varejo definiram que ele seria o nome indicado no lugar de Raphael Klein, que deixaria o comando da rede em agosto de 2012. Mas a situação entre os acionistas se complicou. Em 2012, os desentendimentos entre os Klein e o GPA vieram a público, e o grupo fez valer seu direito de indicar o novo presidente de Via Varejo. Fulcherberguer acabou preterido e passou a tratar de seu futuro fora da empresa. Além da vaga no conselho, o executivo deve tornar-se sócio de um fundo de investimento em imóveis.
Nada interessada em perder o executivo - contratado por Saul Klein em 2003 - a família Klein convivou-o para o conselho. O temor maior era perdê-lo para a concorrência, segundo uma fonte. Fulcherberguer é e vai continuar sendos o nome preferido dos Klein para comandar a Via Varejo.
Rumores de que a saída dele estaria relacionada com a falta de interesse em permanecer na gestão da empresa - que passa por mudanças desde a entrada de Ramatis - ganharam peso ontem. Além dele, um diretor de operações no Rio de Janeiro e o diretor de controladoria em São Paulo saíram da companhia. Pessoas próximas a Fulcherberguer negam que essa seja a principal razão. O executivo não comenta esse assunto.
Ao Valor, Fulcherberguer, de 41 anos, diz que aceitou o convite dos Klein pela boa relação com os sócios da rede. "Também foi uma decisão profissional, relacionada com a minha carreira. Pode ser uma boa experiência [participar do conselho de Via Varejo]". A respeito da possibilidade de no futuro voltar à companhia como seu presidente, ele diz não saber se isso é possivel neste momento. "Se acontecer, eu vou ouvir minhas opções".
Veículo: Valor Econômico