Casino, controlador do GPA, pede a renúncia de Diniz

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Em meio à notícia de o Grupo Pão de Açúcar (GPA) ter fechado 2012 com vendas de R$ 57,234 bilhões, e lucro líquido de R$ 1,156 bilhão, com surpreendente crescimento de 60,7% ante os 16,1% vistos no ano anterior, eclode uma nova desavença entre os sócios Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, controlador da companhia, e Abilio Diniz, presidente do conselho da rede varejista.

Desta vez, enquanto comemoram os resultados, os acionistas se deparam com o pedido do Casino de que Diniz renuncie ao posto, vitalício, devido ao interesse do empresário brasileiro em assumir o mesmo cargo no conselho da BRF, a maior fornecedora de insumos da maior rede varejista do País.

Enquanto a disputa começa a ficar mais complexa, os executivos da rede tentam mudar o foco do assunto, como fez Enéas Pestana, presidente do grupo, em conferência com os acionistas, ontem, ao apontar de onde vieram os bons resultados da empresa. Segundo Pestana, dentre os fatores impulsionadores do bom resultado no ano passado, estão as vendas do varejo alimentar - só no quarto trimestre tiveram incremento de 9% e somaram R$ 8,751 bilhões.

O desempenho da companhia, ganha destaque no setor supermecadista, uma vez que o varejo, como um todo, apontou crescimento de 8,4% em 2012, segundo dados do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE).

Ainda com relação ao resultado da companhia, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, (da sigla em inglês Ebitda) subiu 30,3% sobre o de 2011, para R$ 3,668 bilhões. No caso da receita líquida do GPA, em vendas, houve aumento de 9,4%, para R$ 7,887 bilhões - na mesma comparação trimestral.

Para o presidente da companhia, o Assaí foi o destaque, uma vez que o braço atacadista viu o tíquete médio de compras crescer 15% no período analisado. Quem também despontou no balanço do GPA foi a bandeira Extra, em especial com a operação de proximidade, o Minimercado Extra. No último trimestre foram inauguradas 30 novas lojas desse modelo. No total, a rede, que investiu R$ 1,57 bilhão ao longo de 2012, inaugurou 103 novos pontos de venda, divididos em: 71 de operação alimentar e 32 de eletroeletrônicos, com maior atenção a bandeira Ponto Frio. Neste ano, a perspectiva é de abrir 150 novos pontos de venda (das várias bandeiras).

Apesar das críticas com relação ao possível novo cargo, Abilio Diniz fez questão de ressaltar que estava satisfeito com o desempenho da empresa no ano passado, mesmo considerando 2012 um ano difícil ao varejo. Ainda segundo Diniz, nem mesmo o desgaste do relacionamento entre os acionistas do Grupo foi capaz de desestruturar o resultado do GPA. "A empresa passou por um processo de transição no ano passado e mesmo com o desgaste do relacionamento dos acionistas, nosso time ficou alheio a tudo isso", disse Diniz aos acionistas, ontem.

O empresário brasileiro refere-se ao recente desentendimento que teve com o Casino. Mesmo sem confirmar ou negar seu interesse em presidir o conselho da BRF, nem tampouco ser indicado para o cargo, o empresário brasileiro enfrenta agora a insistência de Jean-Charles Naouri de que ele renuncie ao seu posto atual, cargo este que é vitalício conforme acordo societário firmado entre as partes em 2005.

Em assembleia extraordinária entre acionistas, encontro este apenas para aprovar a substituição de dois membros do conselho indicados por Abilio, Naouri - por meio de seu porta-voz, Marcelo Trindade, ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) - pediu que Diniz deixasse o cargo, uma vez que o controlador vê conflito de interesses na nova empreitada do executivo brasileiro, dentro da fornecedora da rede.

"A presença do senhor Abilio Diniz nas duas companhias causaria grande desconfiança na diretoria, nos demais conselheiros, nos acionistas e nas demais partes". " Tal cenário também colocaria a Companhia Brasileira de Distribuição [CBD] em situação desconfortável no seu mercado de atuação, criando problemas de interlocução com os seus demais fornecedores relevantes dos produtos também fornecidos pela BRF", declarou Trindade, em seu voto.

Além dessas afirmações, Trindade teria dito que desde que houve a troca de comando Diniz vem causando diversos desconfortos dentro do grupo. "O senhor Abilio Diniz é um acionista minoritário, que entretanto tenta impor sua presença apenas para obter benefícios privados, abusando do seu direito contratual de permanecer como presidente do conselho", disse.

Apesar da crise, não há nenhuma lei que impeça o empresário de acumular os dois cargos, tanto que dentro da BRF há conselheiros que são membros de empresas como a Telefônica Vivo, por exemplo. Fontes do DCI ligadas ao empresário brasileiro afirmam que Diniz não deixará o cargo. Na reunião ocorrida na última terça-feira, Diniz disse que não há nada de concreto sobre o possível novo cargo em outra empresa.



Veículo: DCI


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