O ano de 2012 não foi fácil para o Magazine Luiza. Seu comando tomou algumas medidas, mais claras ao mercado ontem, para tentar mudar essa situação em 2013. Apesar dos volumes altos de vendas, reflexo da política de preços agressivos, os ganhos nem sempre vinham de maior produtividade. As despesas elevadas, após recentes aquisições, penalizavam os resultados. A empresa investiu e cresceu, mas com baixa rentabilidade.
Em teleconferência com analistas ontem, a companhia ressaltou aspectos - vistos como prioridade na rede hoje - para mudar esse quadro. Em 2012, a receita líquida da varejista cresceu 19%, mas o prejuízo atingiu R$ 6,7 milhões.
Para aprofundar a "racionalização" de custos, a varejista defende até um menor crescimento anual. Prefere abrir mão de vendas para proteger rentabilidade num ambiente de competição mais acirrada. "É o direcionamento tático do ano. Estaremos voltamos mais para rentabilidade do que para crescimento de vendas. E isso vale para o site também", disse Frederico Trajano, diretor de vendas e marketing da rede. A rede vai ser menos agressiva em promoções, evitando "guerra de preços". E passará a trabalhar, em 2013, " com uma precificação mais racional e dirigida", afirma Marcelo Silva, diretor superintendente da rede.
Vai buscar vender quantidades maiores por metro quadrado, aumentando a produtividade de centros de distribuição e lojas - para tentar ganhar mais com a estrutura atual. Isso será feito ao mesmo tempo que a empresa revê despesas internas e corta gastos, num processo de análise com pente fino que começou no ano passado e agora chega a novas áreas.
Desde fevereiro, a Galeazzi & Associados faz um trabalho de revisão de custos na financeira Luizacred, com apoio do Itaú, sócio nesta companhia. "A Galeazzi estendeu o trabalho que estava sendo feito no Itaú para a Luizacred. Aceitamos a ideia por sugestão deles [Itaú]", disse Silva. O executivo diz que a Luizacred continuará a adotar um posicionamento conservador em suas análises de crédito - em linha com a postura de "otimismo moderado" da rede para 2013
Para 2013, a rede prevê um "crescimento orgânico moderado" - janeiro e fevereiro foram meses em que o mercado "andou de lado" e março foi "um pouco melhor", diz Silva. A rede planeja abrir entre 20 e 25 novas lojas no ano (foram 22 em 2012), após o fechamento de 14 lojas em janeiro de 2013 (fechou 7 em 2012) que não estavam atingindo metas.
Analistas sempre recebem de forma positiva essas mudanças estratégicas, que privilegiam a defesa da margem e o corte custos nas empresas. Mas os efeitos disso nos resultados só devem ficar mais claros ao longo do ano. Por isso, nas atuais avaliações, os especialistas preferem analisar o que passou - exatamente o quadro que serve de interpretação mais crítica da rede.
Em 2012, o resultado apresentado pelo Magazine veio abaixo das expectativas do mercado, disse a equipe de análise do Banco do Brasil. Desempenho fraco das vendas no Natal, perda de vigor da economia e aumento da concorrência levou a um aumento de promoções no quarto trimestre, com efeito negativo nas margens. No quarto trimestre de 2012, a receita líquida subiu 14,4%, as despesas operacionais subiram pouco (2%) e a rede teve um pequeno lucro de R$ 9,7 milhões, após alguns trimestres no vermelho (no ano, a perda acumulada é de R$ 6,7 milhões). Sinal de que o caminho recém-trilhado pode dar resultado.
Veículo: Valor Econômico