A varejista chilena Cencosud tem perdido vendas numa velocidade menor no país, e a empresa atribui a mudança a ajustes internos. Segundo relatório de resultados do terceiro trimestre, a queda nas vendas "mesmas lojas" no Brasil (pontos em operação há mais de 12 meses) foi de 0,7% de julho a setembro, em relação ao terceiro trimestre do ano passado. No segundo trimestre, a retração nas vendas foi de 2,7% no país.
A receita, impulsionada por lojas abertas nos últimos 12 meses, até setembro, subiu 1,4%, para R$ 2,15 bilhões no terceiro trimestre. A Cencosud é a quarta maior varejista de alimentos do país, dona das redes Bretas, Prezunic, G.Barbosa, Mercantil Rodrigues e Perini.
"[A empresa] teve um ritmo de alta nas vendas mesmas lojas em todos os mercados com exceção do Brasil, com queda de 0,7%, refletindo melhor desempenho nas redes Bretas e G.Barbosa, que retornaram para taxas positivas, compensadas por um 'mesmas lojas' negativo na rede Prezunic", diz o relatório da Cencosud. "A leve melhora sobre o segundo trimestre foi impulsionada por uma melhor disponibilidade de produtos em todas as cadeias".
A empresa enfrentou falta de produtos nas lojas e no estoque em trimestres passados e a reestruturação procurou reduzir esse problema. A companhia também mudou sistemas de gestão de redes adquiridas, alterou a sede de Salvador para São Paulo, para agilizar tomada de decisões, e reviu política de preços nas lojas, entre outras medidas. Resultados, porém, ainda não apareceram de forma mais ampla em todos os indicadores.
Em moeda local, a receita líquida no Brasil subiu 1,4% de julho a setembro, para R$ 2,15 bilhões, devido, basicamente, a novas lojas. No segundo trimestre, a receita havia caído 0,7%. A margem bruta no país caiu de 23,8%, no terceiro trimestre de 2013, para 20,3% no mesmo intervalo deste ano.
Em pesos chilenos, pelo efeito cambial, a receita com vendas no país de julho a setembro cresceu 16,4% (no acumulado do ano, o aumento é de 8,2%). Apenas na Colômia a alta foi maior, de 17,4%. A receita consolidada do grupo no terceiro trimestre foi de 2,67 bilhões de pesos, um crescimento de 7% sobre mesmo período de 2013.
A companhia ainda informou no relatório a redução de quadro de funcionários do grupo no país. O número caiu de 35,3 mil empregados no terceiro trimestre de 2013 para 33,3 mil neste ano, queda de cerca de 5,5%. Lojas também foram fechadas no país - três unidade no terceiro trimestre, versus uma abertura no mesmo intervalo. Em setembro, a empresa somava 220 unidades no país, de um total de 1.147 lojas no Chile, Argentina, Peru, Colômbia e Brasil.
Nível de confiança do consumidor brasileiro ainda em queda e desaceleração na demanda doméstica são fatores mencionados pela empresa. Analistas têm ressaltado que as redes compradas pela Cencosud no país, com vendas aquém da média do mercado, também afetam o desempenho.
Em setembro, o presidente da Cencosud, Horst Paulmann, em visita ao Brasil, disse que o momento é de "melhorar" o desempenho das operações já existentes, para tentar ganhar maior eficiência. "Nós somos uma rede de sete anos [entrou no país em 2007]. Walmart tem quase 20 anos [no país]. O Carrefour tem mais de 40 anos. Então esse país é um continente, um país de oportunidades, mas é difícil entender o Brasil", disse ele.
As principais redes de varejo alimentar do país, como Grupo Pão de Açúcar e Walmart, já chamaram atenção para o desaquecimento no consumo como razão principal para vendas em níveis mais fracos no terceiro trimestre do ano.
Veículo: Valor Econômico