Apostando que o varejo alimentar será um dos primeiros a sair da crise, as empresas do ramo viram o faturamento crescer 2,6% em junho, ante a 2015
São Paulo - Mesmo ao registrar um faturamento 0,22% menor no 1º semestre deste ano, frente ao mesmo período do ano passado, o setor atacadista nacional prevê se recuperar da queda de 6,8% sofrida no consolidado de 2015 com projeção de crescer até 1% neste ano.
A nova realidade com a expectativa de avanço foi divulgada ontem (8) pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad) durante a abertura da 36ª edição do Encontro Nacional da Cadeia do Abastecimento (Enacab), em São Paulo.
Para o presidente da Abad, José do Egito, os números do primeiro semestre dão alento a todo o setor no objetivo de reverter a queda real administrada no ano passado.
"Levando em consideração os nossos últimos indicadores e a movimentação que estamos observando no Enacab, reverter a queda do ano passado está cada vez mais próximo. A melhora nos dá embasamento para acreditar que podemos avançar até 1% no ano", avalia Egito.
Em junho, o setor registrou alta de 2,26% frente ao mesmo mês do ano passado, o que fez com que a queda acumulada no ano passasse de -0,7%, em maio, para -0,22%, no sexto mês de 2016. Segundo o termômetro de vendas da Abad, em julho a variação deve ser novamente positiva, ao menos em termos nominais, com crescimento de 7,49% frente ao mesmo mês de 2015.
"Para consolidarmos a recuperação, é preciso ainda, no entanto, aguardar as reformas prometidas pelo governo interino. Elas darão alívio e tranquilidade para que os empresários voltem a investir forte e a gerar empregos", diz.
Recuperação a caminho
Apesar de especialistas consultados por DCI afirmarem que a recuperação do varejo nacional só deve acontecer a partir do próximo ano, o varejo alimentar dá sinais de que pode reverter já neste ano as perdas acumuladas em 2015.
O setor supermercadista, por exemplo, reviu no início deste mês a previsão de queda de 1,8% para este ano para um crescimento de 0,40% no consolidado de 2016. Em movimento semelhante, o atacado, agora, prevê também fechar este ano no azul.
"São dois setores que demonstram poder de recuperação mais rápido frente a outros, já que comercializam itens de primeira necessidade, como os alimentos básicos. Ao lado de perfumarias e farmácias, devem ser os primeiros a deixar a crise econômica para trás", opina o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Fábio Pina.
Para o especialista, o segundo semestre deve ser melhor que o primeiro, o que explicaria a esperança de avanço nos dois setores de autosserviço.
Como exemplo, Pina cita datas comemorativas como o o Natal, que após sucessivas quedas, deve registrar crescimento nas vendas este ano.
"O Natal será simbólico. Lá é que vamos definir se estamos atravessando um período de recuperação ou se ainda será cedo para isso. Mas as expectativas, visto as melhoras de indicadores de confiança, são de crescimento", comenta.
Investimentos
Os investimentos, de acordo com Pina, também parecem ter melhorado no início deste mês. Um exemplo é o aporte de R$ 14 milhões que a rede atacadista Makro inseriu na modernização de uma de suas lojas no Rio de Janeiro.
Com novo visual, a unidade, localizada na Barra da Tijuca, agora conta até com cafeteria.
"A região da Barra da Tijuca é uma das mais populosas do Rio de Janeiro e de grande potencial econômico, além de ser estratégica para o plano de crescimento do Makro. Com esta reforma, nosso objetivo é oferecer um serviço cada vez melhor para os nossos clientes e, consequentemente, boas experiências na hora das compras", destaca o diretor regional do Makro, Bastiaan Johannes Van Tilburg.
O concorrente Roldão também prevê novos aportes ainda antes do término deste ano: "Estamos investindo R$ 70 milhões em novas lojas espalhadas pelo estado de São Paulo. No primeiro semestre, incorporamos 4 lojas do Mega Atacadista no interior e, até o final de 2016 vamos inaugurar mais cinco lojas", garante o CEO do Roldão Atacadista, Ricardo Roldão.
Fonte: DCI