A entrada em bolsa da filial brasileira do Carrefour irá ocorrer em meados deste ano, confirmou ontem em Paris o empresário Abilio Diniz, terceiro maior acionista da varejista francesa, com 8% do capital.
"Ainda não sabemos se será no final deste semestre ou no início do segundo semestre", disse Diniz, sobre a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da filial brasileira em 2017.
Segundo o empresário brasileiro, que é membro do conselho de administração do Carrefour, há condições econômicas para que o IPO seja feito neste ano. "A situação econômica do Brasil melhorou em relação aos últimos tempos. Temos muitas dificuldades, após dois anos de queda do PIB e o aumento do desemprego", afirmou Diniz. Ele ressaltou que atualmente "todos os sinais da economia" apontam melhora e deu como exemplo a retomada gradual da indústria.
"A perspectiva é muito boa. Mas não podemos ter a ilusão de que vamos superar os problemas imediatamente. As coisas vêm vindo", disse Diniz, afirmando que o governo está agindo, por meio das reformas enviadas ao Congresso, para "desatar os nós estruturais" do país.
Abilio Diniz deu uma palestra para empresários franceses ontem à tarde na Embaixada do Brasil em Paris, onde falou sobre sua carreira no mundo dos negócios e também comentou a situação econômica do Brasil no dia em que o país anunciou queda de 3,6% do PIB em 2016, totalizando uma redução de 7,2% nos últimos dois anos - a pior recessão desde 1948.
O CEO da Galeries Lafayette, Philippe Houzé, pertencente à família Moulin, maior acionista do Carrefour, com 11,5% do capital, e amigo de Diniz, participou do evento. "Estou otimista em relação ao Brasil. Os investidores estrangeiros olham para o Brasil e veem possibilidades de investimentos no país", completou Abilio. Houzé não quis comentar o processo de sucessão do CEO do Carrefour, Georges Plassat.
Houzé, de 69 anos, presidente da Galeries Lafayette, disse ao Valor que não deseja ocupar a presidência executiva do Carrefour e pretende continuar desempenhando as mesmas funções atuais, como "consultor" e membro do conselho de administração.
A escolha do sucessor de Plassat pode levar ainda alguns meses, avaliam fontes do mercado.
Os bancos selecionados para coordenar o IPO do Carrefour no Brasil são J.P. Morgan e BofA Merrill Lynch, como líderes, e Itaú BBA e Goldman Sachs.
Por Daniela Fernandes | Para o Valor, de Paris
Fonte: Valor Econômico