Ainda que a crise tenha ficado no passado, queda de 4% no preço dos produtos é pedra no sapato da varejista que, ainda assim, investirá R$ 1,6 bilhão este ano e avançará na transformação digital
Ainda que a crise para o setor supermercadista tenha ficado para trás, a queda no preço dos alimentos ainda é pedra no sapato. Só em janeiro a deflação girou em torno de 4%, sobre um ano antes, e a expectativa do Grupo Pão de Açúcar (GPA) é que o cenário só melhore no segundo semestre, quando a rede tentará recuperar as perdas nos preços verificadas entre janeiro e junho.
“Prevemos uma inflação anual na casa de 3,5% a 4%. Começando o ano com uma forte deflação, na casa de 4%, obtendo uma recuperação gradativa e passando para um período de inflação no segundo semestre, efeito da baixa base. Prevemos forte deflação no primeiro semestre, e menor no segundo semestre. Por conta da sazonalidade é o nosso semestre de maior atividade”, disse o diretor financeiro do GPA, Cristophe Hidalgo.
A despeito das projeções não tão animadoras com relação aos preços, o plano do GPA é seguir investindo, com intenção de aportar R$ 1,6 bilhão neste ano para abertura e reforma de unidades, cifra pouco maior que o injetado pela empresa em 2017.
Os dados, revelados ontem em teleconfêrencia de resultados, destacaram a bandeira de atacarejo do grupo, o Assaí, que faturou R$ 20,1 bilhões em vendas brutas no ano, e cresceu 10,8% no conceito ‘mesmas lojas’ – avanço de 8,6% se não for considerado as 15 unidades Extra que foram convertidas em Assaí em 2017.
Com 75 operações ao término de 2017, o Assaí deve ganhar 20 lojas este ano, sendo 15 orgânicas e outras cinco conversões do Extra. “Tivemos crescimento forte no 4º trimestre, reforçando nossas campanhas de aniversário e da Black Friday”, comentou o presidente do Assaí, Belmiro Gomes.
De acordo com ele, outra mudança no operação se deu com relação aos estoques. “Fizemos um esforço grande para redução de estoque. Na nossa visão foi um ano satisfatório dado o tamanho da deflação.”
O resultado operacional da companhia também apontou o bom desempenho na categoria de não alimentos (eletro, bazar e têxtil), que sustentou avanço de dois dígitos no conceito ‘mesmas lojas’ da bandeira Extra Hiper. No multivarejo, que engloba as operações físicas do Pão de Açúcar e do Extra, as vendas líquidas do ano totalizaram R$ 26,2 bilhões, alta de 0,7% no ‘mesmas lojas’. “A nossa convicção é continuar com foco no varejo alimentar, pois temos enormes possibilidades de crescimento. Vamos fazer investimentos importantes este ano”, disse o atual diretor-presidente do GPA, Ronaldo Iabrudi.
Novos horizontes
Na última segunda-feira (19), o GPA anunciou mudanças em seu comando, com a saída de Ronaldo Iabrudi do cargo de diretor-presidente da empresa; cargo que será ocupado pelo atual presidente da Via Varejo, Peter Estermann. Com a movimentação, espera-se que o GPA avance na ‘transformação digital’ e redução de custos.
“Vamos continuar investindo nos formatos que trazem maior rentabilidade para a companhia, além de crescer através da transformação digital. Esse é um movimento sem volta. Acreditamos muito nisso”, disse Estermann, que assumirá o cargo em 27 de abril.
Na inovação, o GPA tem caminhado à passos largos. Exemplo disso é a plataforma Meu Desconto, que atingiu 4 milhões de downloads nos programas Pão de Açúcar Mais e Clube Extra, com sete meses de atividade. Além disso, o app do Pão de Açúcar passou, no mês passado, a disponibilizar a função Minha Lista, que personaliza o processo de compras. Isso sem contar o plano de ampliar o acesso à internet Wi-Fi nas lojas.
Para a operação financeira, a meta de Estermann também é direcionada: “adequar a estrutura de custos ao tamanho de cada negócio, considerando o crescimento que estamos prevendo para o futuro.”
Fonte: DCI São Paulo