O município de Abaetetuba recebeu ontem, de uma só vez, a confirmação de que cerca de 600 empregos diretos de um empreendimento do setor de comércio foram criados, 98% deles já ocupados por moradores da cidade. O incremento da geração de renda local é fruto da inauguração do hipermercado Líder Abaetetuba, a 21a loja do segmento da rede, aberta ontem à população do município e de outras cidades da região do Baixo Tocantins, como Igarapé-Miri, Cametá e Barcarena. O prédio está localizado na avenida Dr. Miranda e tem 20 mil metros quadrados.
Após dez anos sem emprego, Marcilene Ferreira Dias, de 37 anos, afirma que os afazeres com os dois filhos da família dificultavam a volta ao mercado de trabalho. No entanto, quando o Grupo Líder anunciou, há cinco anos, que iria iniciar o processo de seleção para contratar moradores de Abaetetuba, a esperança de conseguir um emprego foi reavivada. "Quando eu soube, trouxe meu currículo, e logo senti aquela ansiedade da expectativa. Nós, de Abaetetuba, passamos o tempo todo até sermos chamados nos perguntando todos os dias se iríamos conseguir. Graças a Deus, fui chamada", afirma a repositora de produtos.
Para Marcilene, trabalhar em uma empresa "do porte do Líder" é um grande orgulho, ainda mais pelo fato de os proprietários serem naturais do município de Igarapé-Miri, que faz parte da região. "Eles nos tratam muito bem, de maneira próxima, não como se fossem superiores a nós", elogia. O mesmo diz a balconista Cynthia Santos da Gama, de 35 anos, que viu no supermercado a oportunidade de mudar de setor. "Há cinco anos trabalhava com telemarketing, mas procurava outras chances. Quando vi o anúncio do Líder, participei da seleção, da triagem, e fui chamada. A população ganhou m u ito, já que 9 8 % dos funcionários são daqui", destaca.
Parte do grupo de consumidores que aguardavam com ansiedade para conhecer as seções da loja, o engenheiro civil Nilson Rodrigues da Silva, 35 anos, com seus pais José e Terezi-nha, demarca pontos positivos, mas também certa preocupação com a chegada de um empreendimento "de tamanha qualidade". "A parte positiva, sem dúvida, é a geração de empregos. Conheço muitas pessoas que foram empregadas. Por outro lado, fico um pouco preocupado com os pequenos empreendedores de Abaetetuba. Será que eles vão conseguir resistir em termos de concorrência?" questiona.
Emília Vasconcelos, de 39 anos, dona de casa, vê no novo supermercado um momento de "independência" dos moradores da cidade. "Apesar de Abaetetuba já ter crescido bastante, nós ainda precisávamos viajar para Belém para comprar alguns itens. Agora, com o supermercado, isso não será mais necessário. Tudo poderemos ter aqui mesmo. A cidade ficará ainda mais movimentada",afirma.
SONHO
Em resposta ao questionamento do engenheiro Nilson Rodrigues sobre os comerciantes locais, o sócio e administrador do Grupo Líder, José Rodrigues, explica que a geração de renda será aumentada não apenas pelo empregos diretos, mas ainda pêlos empregos indiretos que serão criados também por pequenos empreendedores. "Teremos 600 empregos diretos. Mas se consideramos que cada família tenha em torno de cinco pessoas, temos três mil pessoas que serão beneficiadas, com renda para suprir suas necessidades básicas.
Isso engradece a empresa, saber que está contribuindo para a economia local. Além disso, teremos os empregos indiretos em decorrência deste estabelecimento. Um exemplo são os fornecedores locais, que vão vender o que é produzido na região. O transporte também será fomentado com a vinda de consumidores de outros municípios, já que Abaetetuba é uma cidade polo da região", explica.
Oscar Rodrigues, também administrador e sócio do Grupo Líder, ressalta que o supermercado de Abaetetuba é um "sonho realizado", já que remete ao início do negócio, quando ele, seu irmão e o restante da família, viviam em Igarapé Miri. "São tantas recordações. Abaetetuba era a nossa capital. Nós vivíamos entre Abaetetuba e Igarapé Miri. Trazer os empregos e equipamentos para cá é realizar um sonho que eu nunca imaginei realizar e uma prova de que nós, ’cabocos’ do Baixo Tocantins, somos capazes de muita coisa". Se estivesse vivo, Jerônimo Rodrigues, patriarca da famílias dos proprietários, completaria 103 anos.
Fonte: O Liberal