Estudo do IBGC e KPMG com 367 produtores rurais revela como o setor trabalha as questões de governança, ambientais e sociais
De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e pela KPMG, a governança corporativa é valorizada pelas empresas que atuam na agropecuária nacional. Para 85% dos respondentes, a prática é importante ou muito relevante para o seu negócio. Apenas 2% afirmam não enxergar benefícios ou alegam que as vantagens não são claras. O estudo contou com a participação de 367 produtores rurais brasileiros.
“O agronegócio tem sido uma das principais alavancas de crescimento da economia brasileira, é natural que o interesse por governança corporativa seja crescente. E o estudo mostrou que a governança corporativa adquiriu status de questão prioritária para as empresas desse setor, mas ainda existe margem substancial para avanços. Quanto maior o porte econômico da empresa, mais familiaridade tem com o tema. Entre as que faturam mais de R$ 1 bilhão, 90% afirmaram terem conhecimento das práticas. Quando observamos aquelas que têm faturamento de até R$ 20 milhões, o índice cai para 65%”, analisa a sócia de agronegócio da KPMG, Giovana Araújo.
O plano de sucessão está entre as principais necessidades em matéria de governança para os empreendimentos rurais, apontado por 54% dos participantes da pesquisa, assim como, o mapeamento de riscos corporativos e operacionais (52%), melhorias no ambiente de controles internos e de compliance (51%) e formalização de papéis e responsabilidades (50%).
Dentre as principais práticas de governança, 58% das empresas possuem regras ou políticas de remuneração do trabalho dos sócios, 56% têm diretoria executiva e 55% realizam assembleia/reunião anual. Há espaços para ir além. Mais da metade dos produtores afirma estabelecer regras ou políticas de remuneração dos sócios.
A pesquisa também aponta que metade dos respondentes possui conselho, sendo que 15% são de caráter consultivo e 35% de administração — reflexo do grande porte dos empreendimentos rurais da amostra. Além disso, a separação das funções de diretor-presidente e presidente do conselho de Administração, entre as boas práticas de governança corporativa, é exercida por 63% dos participantes.
No quesito “prestação de contas formal”, quando segmentado pelo faturamento, nota-se uma tendência de aumento na adoção da prática, conforme se eleva o porte do empreendimento rural. Quando perguntados sobre o horizonte do plano estratégico, 45% dos respondentes consideram o longo prazo no plano e outros 35% focam no curto prazo.
A inovação é outro tema presente nas discussões estratégicas dos empreendimentos rurais integrantes da pesquisa, sendo debatido periodicamente nas reuniões de Diretora ou Conselho para 49% da amostra. Dentre estes empreendimentos, 26% possuem um profissional ou área dedicada ao tema.
Empresas familiares
Uma das principais características da economia brasileira é a presença das empresas familiares, especialmente, no agronegócio. A amostra da pesquisa é constituída particularmente por grandes empresas/propriedades rurais, 80% dos respondentes autodeclaram pertencer a um empreendimento familiar.
Assim como nas empresas familiares de outros setores, as principais questões que preocupam esse tipo de organizações no setor agronegócio não são diferentes. “Isso se expressa na pesquisa, já que para 54% dos respondentes de empresas familiares, o plano de sucessão é sua maior necessidade”, comenta Luiz Martha, gerente de Pesquisa e Conteúdo do IBGC.
Um plano de sucessão mostra-se relevante também ao se analisar outro dado do estudo: em geral, existe o interesse da próxima geração em assumir a gestão da empresa familiar, visto que 79% dos participantes indicaram essa resposta. “Aqui temos um outro ponto de alerta, já que, apesar do grande interesse da próxima geração na empresa familiar, apenas 31% delas oferecem programas de treinamento para preparar os possíveis sucessores”, diz Martha.
Já quando tratamos dos fóruns de discussão das empresas familiares, observamos que apenas 29% possuem um conselho de família, estrutura de governança responsável por propor e monitorar as atividades da família, além de ser a interface com os outros órgãos de governança. Entretanto, quando este conselho existe, observa-se melhoria no tratamento de conflitos: 63% das empresas familiares com conselho de família se sentem à vontade para conversar sobre conflitos e diferenças (mantendo um ambiente positivo e de confiança), contra 37% daquelas que não o possuem.
Mais sobre os aspectos ESG
Quanto aos aspectos ambientais e sociais, a pesquisa indica que 42% entendem os riscos e as oportunidades socioambientais e discutem o tema, periodicamente, na diretoria ou no conselho. Em 26% dos empreendimentos, existe uma área dedicada a avaliar os riscos e oportunidades socioambientais; em 17%, existe a divulgação ao público/mercado de relatórios contendo informações sobre as práticas socioambientais adotadas e em 16% das empresas a mesma divulgação é destinada aos sócios.
Entre os destaques das ações focadas em meio ambiente, estão a preservação ou recuperação de áreas de proteção permanente assim como, a conservação do uso da terra e recuperação de áreas degradadas, iniciativas mais citadas entre as propriedades rurais.
Sobre a pesquisa
A pesquisa Governança no Agronegócio: percepções, estruturas e aspectos ESG nos empreendimentos rurais brasileiros é uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), idealizada pelo Grupo de Trabalho (GT) Agro, em conjunto com a KPMG. O público-alvo da pesquisa é constituído por conselheiros, gestores, consultores, estudantes e demais profissionais que tenham interesse na intersecção entre o agronegócio e a governança corporativa. O estudo analisou a amostra de 367 produtores rurais, que integram os maiores empreendimentos rurais do País. O estudo pode ser acessado pelo seguinte link: Governança no Agronegócio – KPMG Brasil. Abaixo, segue o sumário da pesquisa.
Redação SuperHiper