Companhia investiu R$ 13 bilhões em expansão fabril para produção de opções sustentáveis que já são vistas nas lojas
Se a alta da inflação e dos juros reduz a demanda por embalagens, a Klabin aposta na tendência de substituição do plástico pelo papel em embalagens — que ganhou força na pandemia — como um dos caminhos de crescimento do negócio. Desde o ano passado, a companhia lançou pelo menos seis tecnologias em papel que emulam qualidades que fazem grandes marcas preferirem o plástico em produtos que vão do “pack” de cerveja ao tablete de tempero. A estratégia está no centro de um investimento de R$ 12,9 bilhões em expansão fabril.
— A pandemia foi uma virada de chave. O e-commerce impulsionou a procura por embalagens recicláveis, e os consumidores puderam ver o volume de plástico acumulado em casa, sobretudo com o delivery. O que aconteceria em 2026, em termos de substituição, aconteceu em 2020 e 2021 — explica Flávio Deganutti, diretor de negócio de papéis da Klabin.
Uma das inovações que a marca acaba de criar é o Klamulti, uma celulose microfibrilada — espécie de “cabelo descabelado” — que torna o papel-cartão 10% mais leve e começou a ser usada em embalagens “multipack” de cerveja. Em três meses, a celulose já foi usada na produção de mil toneladas de papel-cartão.
— Por ora, vendemos para uma marca de nicho, mas é uma solução que tende a ser adotada por gigantes como Heineken e Ambev.
Este mês, a Klabin também lançou o EkoFlex, seu primeiro papel para embalagens flexíveis. A ideia é empregá-lo em stand up pouchs, aqueles sacos que ficam de pé sozinhos e costumam ter fecho zip lock.
Obstáculos
A substituição do plástico pelo papel é tema central da conversa da Klabin com seus investidores. Em recente apresentação institucional, a fabricante estima que a tendência vai responder por um terço do crescimento da demanda mundial por papel-cartão até 2030.
Segundo Deganutti, essa é uma das justificativas para o Puma II. Maior investimento da história da Klabin, o projeto vai consumir R$ 12,9 bilhões e criar duas novas fábricas no Paraná. A primeira entrou em operação em 2021 e foca no Eukaliner, primeiro papel para embalagem feito 100% de eucalipto e mais leve. A segunda unidade está prevista para 2023.
Mas a transição tem obstáculos importantes. Primeiro, as novas soluções precisam ganhar escala para se aproximar do preço do plástico. Desafio maior é a própria limitação tecnológica. A Klabin ainda está tentando desenvolver “barreiras” para líquido e oxigênio nas embalagens que eliminem 100% o uso de plástico, por exemplo. E Deganutti admite que “o momento é de estresse econômico, o que torna mais difícil priorizar a sustentabilidade.”
— Mas a clareza sobre as vantagens da cadeia do papel sobre a do plástico sustenta nossa visão de futuro para o mercado de embalagens — pondera.
Fonte: Capital, O Globo