O desenvolvimento da química verde e a eficiência do Brasil na produção de fontes renováveis pode reduzir um dos gargalos da indústria química brasileira: a falta de investimento em tecnologia.
Em entrevista à Folha, o presidente da Braskem, Bernardo Gradin, diz que o interesse crescente pelo uso de matéria-prima renovável para a produção de resinas, em substituição aos derivados do petróleo, pode levar o país a uma posição de destaque.
Química verde
Acredito que o país será líder na química renovável e que possa aparecer para o mundo não só como líder, mas como parte da solução global.
A Braskem desenvolveu o plástico verde a partir da demanda. Recebemos propostas para parcerias com países, empresas, organizações e institutos de pesquisa.
É uma oportunidade para a indústria química brasileira se reinventar em tecnologia.
Gargalos
A indústria precisa investir em formação. Há necessidade de mais engenheiros e administradores para responder ao aumento da demanda por esses profissionais.
Também temos urgência de diálogo com o governo para que as condições de matéria-prima, energia e financiamento sustentem o investimento não só na base, mas na cadeia produtiva.
Pré-sal
Esperamos que a oferta de petróleo do pré-sal seja suficiente para resolver a escassez de matéria-prima que existe para a indústria de resinas -embora nós ainda não conheçamos qual vai ser o custo desse petróleo.
Mas o pré-sal, por si, não resolve. É importante que nós tenhamos um incentivo para que de 3% a 4% do uso dessa nova oferta de petróleo que virá com a exploração do pré-sal seja direcionada para a indústria.
Internacionalização
Elegemos as Américas como a principal região de atuação da Braskem por afinidade cultural e complementaridade de mercados.
A primeira iniciativa foi buscar onde estão as matérias-primas mais competitivas. Estamos na Bolívia, no Peru, na Venezuela e no México.
Neste ano, adquirimos uma empresa nos Estados Unidos -a Sunoco Chemicals, quarta maior produtora de polipropileno do país.
Haverá uma renovação do parque industrial norte-americano e pretendemos participar dessa renovação quando houver oportunidade.
Também vamos buscar alianças com empresas na Ásia e na Europa.
Se nós considerarmos só os projetos em andamento, a Braskem já torna-se uma das cinco maiores do mundo -se os outros não se mexerem. E é muito difícil competir com a China e a Índia.
Veículo: Folha de S.Paulo