A concorrência entre as norte-americanas fabricantes de refrigerantes Coca-Cola e Pepsi, começa nas embalagens. Com o apelo na redução da dependência do petróleo na fabricação das embalagens PET, as concorrentes investem em desenvolvimento de fontes renováveis na produção de suas garrafas. A diretora de Desenvolvimento de Embalagem da PepsiCo Brasil, Alexandrina Lopes, afirma que a partir de 2012 a empresa deve colocar no mercado norte-americano a garrafa plástica feita inteiramente a partir de resíduos orgânicos. A conhecida garrafa "verde" chegará ao Brasil em 2017.
De acordo com a executiva da PepsiCo, a nova fórmula, já patenteada pela companhia, teve origem nos Estados Unidos por conta das grandes plantações da empresa na região. "Com isso faremos o reaproveitamento dos resíduos de plantas e frutas". Sem especificar o processo de fabricação, investimentos ou ainda custos do produto (em relação à resina virgem a base de petróleo utilizada atualmente pela indústria da embalagem de PET), Alexandrina projeta que, até 2013 a garrafa "verde" já terá cerca de 10% de participação no volume de PET nos EUA. "Recebemos informações da nossa matriz de que o produto não custará mais do que as embalagens convencionais da PepsiCo", diz ela.
Já para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de PET, Auri Marçon, apesar das iniciativas das empresas de buscarem fontes renováveis para produção da embalagem plástica serem boas, este tipo de medida ainda é muito embrionária e demandará tempo e investimentos. Marçon crê que a realidade do mercado atual está na reciclagem das embalagens PET. "Em 2009, mais de 55,7% da produção de 521 mil toneladas de PET foram recicladas. Sendo que 10% deste total voltou para a indústria alimentícia", explica ele.
Nos últimos cinco anos, segundo Marçon, o preço do produto reciclado foi inferior ao da resina virgem porém, no ano passado, o produto ficou mais caro. Marçon prevê que, nos próximos ano, o patamar de preço da resina virgem e reciclada se equipare. "Os preços segue as oscilações do valor do petróleo, quando se trata da resina virgem. Já para a reciclada, temos períodos sazonais como, por exemplo, o inverno, época em que o consumo de refrigerantes é reduzido, provocando um menor retorno das embalagens para o processo de reciclagem", explica Marçon.
A corrida pela garrafa "verde" começou em 2009, quando a Coca-Cola lançou a PlantBottle, primeira garrafa de PET feita parcialmente de material de origem vegetal. O produto, fabricado a partir de etanol da cana-de-açúcar, substituiu parte do petróleo como insumo na nova embalagem.
De acordo com a Coca-Cola, por ter origem 30% vegetal à base da planta, o projeto viabilizará a redução da dependência da empresa em relação aos recursos não-renováveis. Sem mudança de propriedades químicas, cor, peso ou aparência em relação ao PET convencional, a PlantBottle é 100% reciclável. A projeção da empresa é que, no ano passado, a produção das garrafas PlantBottle tenha reduzido o uso de mais de cinco mil barris de petróleo.
O Brasil foi um dos primeiros mercados a adotar o projeto e será, segundo a empresa, o fornecedor de 100% do etanol utilizado nessas embalagens no mundo. A PlantBottle é fabricada por um processo de transformação da cana em um insumo de fabricação do polímero PET. Seu plástico é produzido a partir da reação química de dois componentes: MEG (monoetileno glicol), responsável por 30% de seu peso; e PTA (ácido politereftálico). A companhia espera ainda a aprovação da Anvisa para dar início ao processo do sistema de reciclagem das embalagens de PET no Mercosul, denominado bottle-to-bottle.
Veículo: DCI