Recentemente, quando Jenn Cooksey observava os empacotadores de um supermercado Albertsons em Boise, no Estado americano de Idaho, ela reparou em algo que estava proibido: um empacotador havia usado um saquinho plástico só para um galão de leite.
Cooksey, a gerente de atendimento ao cliente da loja, puxou o empacotador de lado e lembrou-lhe que, pelas novas regras da loja, itens grandes com alças só ganham sacolas se os clientes pedirem.
As novas regras são parte de um programa de treinamento que a varejista Supervalu Inc. acredita que poupará milhões de dólares por ano ao fazer com que sejam colocados mais itens em cada sacola, ou que nem se usem sacolas. A empresa para US$ 0,02 por sacola plástica e US$ 0,05 pelos de papel. A varejista, que opera as redes Albertsons, Acme Markets e Jewel-Osco, usa mais de 1,5 bilhão de sacos plásticos e de papel por ano em cerca de 1.100 lojas, sem contar as varejistas de desconto Save-A-Lot, onde os clientes trazem ou pagam pelas sacolas.
"Estamos num setor muito concorrido", diz o assessor de imprensa Mike Siemienas. "Qualquer coisa que possamos fazer para baixar nossas despesas vai nos ajudar a manter o melhor preço possível."
Outras redes de supermercados há muito ensinam aos empregados técnicas de empacotamento e procuram cortar o uso de sacolas, mas o programa da Supervalu é mais rigoroso, diz Burt Flickinger III, um consultor de varejo da Strategic Resource Group Inc., de Nova York.
Algumas das diretrizes da Supervalu reforçam regras familiares, como começar pelos cantos e preencher as caixas dali para o meio. Mas outras rompem com as práticas comuns: nada de usar uma sacola dentro da outra. Nenhum saco para itens grandes ou itens com alças, como garrafões de suco de laranja. Não se pergunta "papel ou plástico?", simplesmente se usam sacolas plásticas. As regras podem ser quebradas, mas apenas a pedido.
A iniciativa tem seus riscos, como a Wegmans Food Markets Inc. descobriu em 2009, quando tentou sua própria mudança no empacotamento. A rede de Rochester, Nova York, que tem 77 lojas, adotou uma sacola maior, mais resistente, para aumentar o número médio de itens por pacote, mas os clientes reclamaram que as sacolas cheias ficavam pesadas demais, diz a porta-voz Jo Natale.
No ano passado, a Wegmans voltou para uma sacola maior, e este ano está testando uma sacola ainda maior, que inclui 40% de plástico reciclado.
Alguns clientes da Supervalu podem resistir - por motivos ambientais - a serem encorajados a usar plástico. Siemienas diz que a empresa promove o plástico porque é mais barato que o papel mas não toma posição a respeito de qual é melhor para o ambiente. O objetivo é reduzir o uso de todas as sacolas, o que inclui a ênfase na reutilização das sacolas, diz.
A cadeia põe em média três a cinco itens numa sacola, seja de papel ou plástico, e vende cerca de 10 bilhões de itens por ano. Desde meados de 2009, ela aumentou o número médio de itens por sacola em cerca de 5%, poupando de US$ 4 milhões a US$ 6 milhões anualmente, apesar de o preço da sacola ter subido, diz Siemienas.
Pode não parecer muito para uma empresa com receita anual de US$ 40,6 bilhões no ano fiscal de 2010. Mas a Supervalu, quarta maior varejista de alimentos dos Estados Unidos em receita, tem planos para as economias.
A rede enfrentou dificuldades por causa da recessão, quando muitos clientes migraram para as rivais de desconto. Mas espera reverter 11 trimestres consecutivos de declínios nas vendas em lojas abertas há um ano ou mais usando as economias com empacotamento e outras despesas em preços mais baixos para pão, camarão congelado e outros itens.
A iniciativa começou em 2008, quando a Supervalu formou um grupo de trabalho da empresa inteira para estudar o uso de sacolas. No ano passado, o grupo divulgou as novas diretrizes.
Veículo: Valor Econômico