A PepsiCo, comandada por Indra Nooyi, divulga sua descoberta após a rival Coca-Cola iniciar produção de garrafa com 30% de matéria-prima vegetal
A PepsiCo lançou uma nova garrafa ontem feita inteiramente a partir de material vegetal, que a empresa diz superar a tecnologia da concorrente Coca-Cola e reduzir a "pegada" de carbono da embalagem.
A garrafa é feita de painço amarelo (switch grass), casca de pinheiro, palha de milho e outros materiais. Futuramente, a PepsiCo também pretende usar cascas de laranja e batatas, sobras de batatas e outros resíduos deixados por suas operações alimentícias.
A nova garrafa tem a aparência igual à das garrafas atuais e proporciona a mesma proteção, segundo Rocco Papalia, vice-presidente sênior de pesquisa avançada da PepsiCo.
A PepsiCo informa que é a primeira garrafa do mundo do tipo de plástico conhecido como PET feita inteiramente a partir de materiais vegetais. A sua rival Coca-Cola produz atualmente uma garrafa usando 30% de materiais vegetais e recentemente estimou que levará vários anos até conseguir chegar aos 100% em uma garrafa que seja comercialmente viável.
"Desvendamos o código", disse Papalia. A PepsiCo anunciou a descoberta ontem e informou que planeja testar o produto no ano que vem em algumas centenas de milhares de garrafas. Uma vez que a multinacional americana tenha certeza de que pode produzir com sucesso a garrafa em grande escala, começará a converter todos os restos de seus produtos.
Isso pode significar a substituição de bilhões de garrafas vendidas por ano. Das 19 maiores marcas da Pepsi, que geram mais de US$ 1 bilhão em receitas, 11 são marcas de bebida que usam garrafas PET.
Cientistas dizem que a tecnologia é uma importante inovação nas embalagens. "Esse é o início do fim dos plásticos à base de petróleo", disse Allen Hershkowitz, cientista sênior do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais e diretor de seu projeto de gestão de desperdício. "Quando uma empresa desse tamanho assume um compromisso com um plástico à base de plantas, o mercado responde."
A Coca-Cola informou que dá boas-vindas a outros avanços nas embalagens, mas destacou que aumentou a utilização de garrafas feitas com base vegetal desde o lançamento em 2009. Também informou que mostrou uma garrafa 100% vegetal produzida em laboratório e que ainda trabalha para assegurar que é comercialmente viável.
Há outros plásticos à base de vegetais disponíveis ou em fase de desenvolvimento, mas Hershkowitz disse que não são preferíveis ambientalmente, pois normalmente são feitos a partir de plantas cultivadas especialmente para esse fim, em vez de usarem os 2 bilhões de toneladas de resíduos agrícolas que se estima sobrar a cada ano. E esses plásticos alternativos não podem ser reciclados.
O plástico PET é um material de preferência para embalagens por que é leve e resistente, além de não afetar o sabor. As questões de segurança do PET também foram bem pesquisadas. Não é biodegradável, mas é reciclável.
Um PET inteiramente à base de plantas poderia mudar o padrão do setor. O PET é usado em garrafas, embalagens de alimentos, revestimentos e outros produtos.
O plástico PET tradicional é feito a partir de combustíveis fósseis, como o petróleo, recurso limitado cujo preço está cada vez mais alto. Ao usar material vegetal, as empresas reduziriam seu impacto ambiental.
A PepsiCo, com sede em Purchase, Nova York, afirmou ter dezenas de pessoas trabalhando há anos no processo. Embora a companhia não tenha especificado o custo para pesquisar e elaborar a nova garrafa, Papalia disse que está na casa dos milhões de dólares.
Veículo: Valor Econômico