Plástico dá lugar ao papelão Com proibição, fábricas de embalagens ecologicamente corretas preveem boom nas vendas.
Com o lançamento da campanha "Sacola Plástica Nunca Mais" e a entrada em vigor, em caráter educativo, da Lei Municipal nº 99.529/2008, que proíbe o uso de embalagens plásticas convencionais no comércio varejista de Belo Horizonte, os fabricantes de sacolas ecológicas - feitas a partir de material biocompostável e/ou retornáveis - já registram aumento na demanda e preveem boom nas encomendas nos próximos meses.
A lei municipal começará a valer, em caráter definitivo, a partir do dia 18 de abril e todo o comércio da capital mineira deve se adaptar, sob pena de multa pelo não cumprimento das novas regras. Até lá, as fabricantes de embalagens que são uma alternativa à restrição do uso da sacola plástica estão operando "a todo o vapor".
Na Imballaggio Ltda, fabricante de sacos e sacolas de papel com planta no Condomínio Industrial do Papel (CIP), em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), já foi apurada uma alta de 30% na demanda desde que a medida educativa entrou em vigor.
O presidente da Imballaggio, Antônio Eduardo Baggio, atribui esse índice ( 30%) ao aumento da procura por sacolas/sacos de papel. Ele, que também é presidente do Sindicato das Indústrias de Celulose, Papel e Papelão no Estado de Minas Gerais (Sinpapel-MG), prevê que, após o dia 18, a demanda dobre em relação ao mesmo período de 2010.
Baggio afirma que a Imballaggio já está preparada para aumentar a produção. Em junho do ano passado, a empresa inaugurou uma nova fábrica, no CIP, com equipamentos de última geração. O parque produtivo da Imballaggio foi o primeiro a entrar em operação no CIP. As outras oito empresas que já confirmaram presença no condomínio devem dar início às atividades a partir de 2012.
Sacos de papel - Para Baggio, a sacola de papel é a única alternativa plausível à proibição do uso de sacolas plásticas. "Apenas 10% da população utiliza sacolas retornáveis", afirma.
A Imballaggio produz sacos e sacolas de papel desde 1893. De acordo com Baggio, a demanda maior é de redes varejistas como drogarias, lojas de material de construção e de pequenos supermercados. As empresas que trabalham com entrega em domicílio também demandam grande quantidade de sacos de papel.
Na Embol Distribuidora, empresa revendedora de embalagens e material descartável com três filais em Belo Horizonte, três na Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa Minas) e outra em Cariacica, no Espírito Santo, a procura por sacolas biocompostáveis e retornáveis cresceu cerca de 40% desde que entrou em vigor, em caráter educativo, a lei municipal.
O que impulsionou a demanda na Embol, segundo a diretoria da empresa, foi uma parceria com a Associação Mineira de Supermercados (Amis), que tornou a empresa distribuidora oficial de sacolas biocompostáveis e retornáveis do projeto "Sacola Ecológica Permanente", uma iniciativa do Sindicato e Associação Mineira da Indústria de Panificação (Amipão), Associação Comercial de Minas (ACMinas), Amis, Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizomte (CDL-BH), Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Movimento das Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais (MDC-MG), Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH) e Procon Municipal.
O supervisor de vendas da Embol Distribuidora, Leonardo Garcia, destacou que a venda de sacolas biocompostáveis e retornáveis não garantem rentabilidade aos negócios, "mas, por meio da demanda que tem surgido para esses itens, também é possível fechar bons contratos para outros segmentos da empresa".
Ele destacou que, antes da medida educativa entrar em vigor, a procura por essas sacolas era muito pequena. "Hoje, avançou 40%, após o dia 18 será ainda maior."
Retornável - A Valbags Embalagens Flexíveis, com planta em Itamonte, no Sul de Minas, está investindo para oferecer mais uma opção aos consumidores, a sacola retornável. A empresa, que tinha como carro-chefe a sacola plástica convencional, investiu, em dezembro último, na compra de equipamentos para a produção das retornáveis. O maquinário ainda não chegou à empresa. A previsão é de que a produção comece em junho.
O sócio e diretor da Valbags, Stefano Gerônimo, destacou que as sacolas retornáveis terão o plástico como matéria-prima e que a empresa se preocupa em conscientizar os consumidores para que eles utilizem o material de maneira correta. "Estudos comprovam que o plástico é o material que menos agride o meio ambiente quando bem utilizado", observou.
Mesmo tendo clientes de peso, como Carrefour, Walmart e o Grupo Pão de Açúcar, a empresa foi motivada pela proibição do uso de sacolas plásticas em Belo Horizonte para realizar o investimento, de valor não revelado, em produção de sacolas retornáveis. Mas Gerônimo afirmou que a produção de sacolas plásticas convencionais irá continuar. "A sacola retornável é apenas uma alternativa que vamos oferecer aos nossos clientes", disse.
Veículo: Diário do Comércio - MG