São 130 toneladas por mês de produtos que serão usados inicialmente na fabricação de escovas de dente; nova linha recebeu investimentos de R$ 1,5 milhão
Um problema que a Johnson & Johnson vinha tentando resolver já há bastante tempo começa a ser enfrentado agora coma inauguração de uma linha de máquinas para reciclagem de plástico no complexo industrial da empresa em São José dos Campos, interior de São Paulo. O Projeto Wonka, que lembra a fantástica fábrica de chocolate, no valor de R$ 1,5 milhão ,visa dar uma destinação que agregue valor às 130 toneladas de aparas originadas por mês nas linhas de produção de fraldas e absorventes.
O material será usado na fabricação da escova de dente Reach Eco, lançada em meados do ano passado, e em outros produtos da própria empresa. A fabricação da escova, primeira a utilizar o plástico reciclado na haste, na proporção de 40%, resolveu dois problemas da empresa. Deu uma destinação final a parte dos resíduos de plástico gerados na fábrica e permitiu que a Johnson & Johnson aumentasse sua participação nas vendas de escovas de preço de até R$ 2, que representa 18% do mercado total do produto. Segundo dados da Nielsen, a fatia da empresa nesse mercado cresceu 4 pontos percentuais em 2010 em relação a 2009.
A Johnson & Johnson espera um retorno de US$ 247 mil em dois anos com a utilização dos resíduos como matéria-prima. Com isso, ela também economizou, deixando de utilizar 11 toneladas de plástico virgem na produção. Mas só a escova, que utiliza 4% do plástico reciclado na haste, ainda não é suficiente para obter o retorno pretendido. “Já estamos testando o uso desse resíduo em tampas, embalagens individuais de absorventes e nas caixinhas e carretéis do fio dental”, diz o engenheiro Jefferson Luiz Castilho, supervisor da unidade de reciclagem da Johnson&Johnson.
Ele explica que até chegar às prateleiras, ainda será preciso algum tempo de pesquisa. “Foi necessário um ano até conseguirmos alcançar o nível de segurança e praticidade ideal para a escova, exemplifica. A tendência, porém, é ampliar a utilização do resíduo plástico, uma vez que o sucesso da escova de dentes demonstrou que é possível fazer produtos de qualidade. Segundo Castilho, o excedente dos grânulos de plástico, que possuem valor agregado no mercado de reciclados, será direcionado aos parceiros de negócios, desde fabricantes de embalagens até multinacionais produtoras de material escolar.
A linha de máquinas inaugurada agora fará parte da Central de Reciclagem de Resíduos da Johnson & Johnson, que garante a destinação adequada de 84% do volume de mil toneladas de lixo gerado no parque industrial de São José dos Campos. O restante é destinado à incineração, vai para aterros industriais ou para estação de tratamento de esgoto. A quantidade, porém, não é o maior desafio. “As nossas atividades geram mais de mil tipos diferentes de resíduos e a sua destinação varia muito”, afirma o gerente de engenharia Amarildo Pereira.
Ele explica que, atualmente, a central de resíduos é uma das unidades de negócio da companhia que, além do seu sentido ambiental e social, deve gerar receita. “É preciso encontrar o descarte adequado de cada tipo de material”, diz. Para isso, a unidade pesquisa empresas de reciclagem em todo o país, como a fabricante pernambucana que desenvolveu um método de transformar papel com resina de silicone, utilizado no Band- Aid, em guardanapos e toalhas de papel. Outros resíduos vendidos a parceiros também voltam ao mercado sob a forma de novos produtos, prolongando seu ciclo de vida.
Os fabricantes também passaram a utilizar uma técnica de coprocessamento, que permite dar um novo destino a 700 toneladas de material que antes era enviado para incineração. O produto resultante é um combustível alternativo que gera energia térmica.
Veículo: Brasil Econômico