O Estado de São Paulo consome por ano cerca de 2,5 bilhões de sacolas plásticas. São 63 unidades por habitante e 20% do total nacional, proporção condizente com o peso de sua população.
Espera-se que boa parte desse material deixe de circular até o fim do ano. Acordo entre o governo estadual e os supermercados prevê o fim do uso dos saquinhos convencionais e sua substituição por material biodegradável, para os que não levarem a própria bolsa de compras e aceitem pagar por eles.
Em Jundiaí, que já iniciou a experiência, calcula-se que 132 milhões de sacolas saíram de circulação em seis meses. Em Belo Horizonte, a primeira cidade brasileira a aboli-las, são 350 mil por dia.
As sacolas tardam décadas a se decompor, entopem galerias pluviais e poluem mananciais. A iniciativa, portanto, é uma boa notícia, mas está longe de resolver o problema da má destinação do lixo no Estado e no país.
Os sacos plásticos são parte muito pequena (1,3%) do que os brasileiros jogam fora, segundo a Abrelpe (Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). Pesquisa da mesma entidade acaba de mostrar que, enquanto produz cada vez mais lixo, o país está longe de manuseá-lo corretamente, em termos ambientais e de saúde pública.
Impulsionada pelo crescimento do consumo, a geração de lixo aumentou 6,8% no Brasil em 2010, projeta o estudo. Em São Paulo, a produção por habitante cresceu 9%, mais do que a população do Estado (1%) ou o PIB nacional (7,5%). Cada paulista gerou 1,4 kg de "resíduos sólidos" por dia.
Dessa quantidade, um quarto não teve destino adequado: foi para lixões sem mecanismos para impedir a contaminação do solo e da água. A proporção é melhor que a média nacional, de 42%, mas ainda assim inadequada, como indicam toneladas de lixo e terra que desabaram há dois dias de aterro em Itaquaquecetuba.
A reciclagem, que abarca só 12% do lixo brasileiro, também tarda a avançar. Hoje, 57,6% das cidades têm alguma coleta seletiva, só 1,4% a mais que em 2009. Na maioria dos casos, limita-se a pontos de entrega ou a convênios com cooperativas de catadores -responsáveis pelas altas taxas de reciclagem de latas de alumínio (90%) e garrafas PET (54,8%).
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada em 2010, contribuirá para o melhor tratamento do lixo. Mas o país ainda vai demorar para recuperar o atraso na área, sobretudo com a aceleração do consumo -e do descarte.
Veículo: Folha de S. Paulo