Para cada litro produzido da bebida consome-se até 4 vezes mais água; empresas querem reduzir proporção
O uso da água é a maior pedra no sapato da indústrias de bebida. Segundo a ANA (Agência Nacional de Águas), para produzir um litro de bebida, as empresas chegam a usar, em média, até quatro vezes mais água.
A Ambev, maior cervejaria da América Latina, consome atualmente 3,75 litros de água para fazer um litro de cerveja -em 2002, o índice era de 5,36 litros de água.
Para este ano, a meta da empresa é alcançar a proporção de 3,5 litros de água para um litro da bebida.
Já o grupo Petrópolis pretende usar 3,3 litros de água para cada litro de cerveja a ser produzido em 2013. Para isso, prevê investimento de cerca de R$ 5 milhões.
Hoje, a empresa usa 3,96 litros de água para um litro produzido -há dez anos, eram oito litros de água.
Segundo o diretor de relações socioambientais da Ambev, Ricardo Rolim, as melhorias contínuas no processo de produção deverão garantir o alcance da meta. "A redução (250 ml) parece pequena, mas não é", disse ele. Os investimentos não foram divulgados pela empresa.
De acordo com Rolim, de 2010 para 2011, as 34 fábricas da cervejaria no Brasil deixaram de consumir água suficiente para abastecer por um mês uma cidade com 580 mil habitantes. "Seria suficiente para Florianópolis, por exemplo", afirmou.
A Coca-Cola reduziu em 23% nos últimos dez anos o volume de água utilizado em seu processo de fabricação. Em 2001, eram 2,54 litros para cada litro de bebida produzido - hoje, é 1,91 litro.
A produção total de cervejas no Brasil no ano passado atingiu 13,3 bilhões de litros -433 milhões a mais que os 12,8 bilhões de litros de 2010.
A ANA, em parceria com instituições da indústria, tem estudado formas de incentivar o uso racional. Uma delas, a cobrança pelo uso da água de rios, já foi instituída em 3 das 9 bacias interestaduais criadas.
A Ambev também tem investido no reuso da água, na reciclagem e na produção de biogás a partir dos resíduos gerados pela produção.
Na fábrica de vidro da companhia no Rio de Janeiro, a reciclagem responde por 65% da produção total. Neste ano, segundo a empresa, a unidade de seleção será ampliada, ao custo de R$ 650 mil.
O produto chega à fábrica por meio da coleta realizada por 12 cooperativas de reciclagem no Estado do Rio. Segundo a empresa, 300 famílias vivem desse trabalho. A intenção é ampliar a cadeia para receber mais material.
Na unidade, o vidro coletado é fundido com outros componentes em um forno que utiliza 30% do biogás gerado na Etei (Estação de Tratamento de Efluentes Industriais) instalada na fábrica de bebidas que fica ao lado.
O sistema -uma miniusina- funciona desde setembro de 2011 e consumiu R$ 1,87 milhão em investimentos.
Até o final deste ano, a cervejaria espera que 47% da energia utilizada na unidade venha do biogás produzido na estação de tratamento.
"Esse investimento foi importante porque impede o lançamento de poluentes e reduz os custos com gás natural", disse Fernando Teixeira, gerente da fábrica.
Segundo a cervejaria, atualmente 98% dos resíduos do seu processo de produção são reutilizados.
Veículo: Folha de S.Paulo