Com o crescimento da população mundial, que chegará a 9,6 bilhões de pessoas em 2050, há uma pressão cada vez maior por produção de alimentos. Isso significa, na prática, a exigência de altas produtividades. E, ao contrário do que muitos pensam, é possível chegar a esse avanço de maneira sustentável, sem prejudicar o ambiente, garantem especialistas.
Parte de um conceito maior – o da agroecologia – a agricultura de base ecológica não faz uso de defensivos químicos, nem de sementes transgênicas e tem controle de pragas feito de maneira natural, entre outras práticas. Nem por isso, deixa de se preocupar com escala.
– Na produção ecológica, também se trabalha com produtividade. É possível garantir a alimentação do planeta com a agricultura ecológica – sustenta Fábio dal Soglio, professor da faculdade de Agronomia da UFRGS.
É claro que ainda existem avanços a ser conquistados, sobretudo em pesquisas, investimentos e políticas públicas. Tudo isso já existe, mas precisa ser ampliado. Em outubro, o governo lançou o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, com R$ 8,8 bilhões a serem investidos em um período de três anos. Mas para disseminar as boas práticas de produção, é preciso esclarecer o conceito, em toda a sociedade – e não só entre os produtores.
Atualmente, as áreas de produção ecológica no Brasil são em média cerca de 25% menos produtivas do que a chamada agricultura convencional. O potencial de crescimento é evidenciado por exemplos práticos: aqui no Estado, já existem produções superiores em arroz, hortigranjeiros, frutas e na criação de animais.
Assuntos como esses serão discutidos, a partir de hoje, no 8º Congresso Brasileiro de Agroecologia, que se estende até quinta-feira na Capital – na PUCRS e no Clube Farrapos. Além de palestras, haverá mais de 40 oficinas.
– É preciso muita pesquisa. Ao contrário do que se pensa, a produção ecológica precisa ter tecnologia avançada – salienta Gervásio Paulus, diretor técnico da Emater e presidente do congresso.
Veículo: Zero Hora - RS