Mario Pino é mestre em tecnologias ambientais limpas e gestor corporativo em desenvolvimento sustentável na Braskem
Em 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu 22 de março como Dia Mundial da Água. A data comemorativa foi instituída com o objetivo de criar um momento de reflexão, análise, conscientização e elaboração de medidas práticas para resolver os problemas hídricos em todo o planeta. Hoje, 22 anos depois, muitas das dificuldades de acesso e tratamento da água continuam a existir, principalmente em países em desenvolvimento, inclusive no Brasil. Aqui, os motivos não são desconhecidos: ainda falta gestão adequada dos nossos recursos naturais, utilização consciente e descarte adequado no pós-consumo. Para se ter uma ideia do cenário brasileiro atual, um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), apresentado em fevereiro de 2014, apontou que quase 10 milhões de litros de esgoto industrial são despejados por hora, irregularmente, em rios e córregos da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). O volume, de acordo com o cálculo, equivale a 28% do total de efluentes produzidos pelas 58.373 indústrias espalhadas em 39 municípios da RMSP.
Considerando a escassez hídrica da região, o despejo irregular traz prejuízo aos mananciais, tornando mais caro o tratamento da água ou obrigando a ir cada vez mais longe para buscá-la. A solução, portanto, é impedir que a água de efluentes atinja rios e córregos antes de estar apta ao reúso.
Pensando justamente em tornar mais sustentável o processo de utilização e descarte dos recursos hídricos, empresas têm modificado seus processos industriais, a fim de torná-los mais eficientes. O objetivo é assumir parte da responsabilidade no cuidado com o meio ambiente, bem tão precioso para o futuro da humanidade.
O mundo corporativo já conta com iniciativas consistentes que utilizam de forma consciente os recursos naturais e unem responsabilidade socioambiental ao desenvolvimento econômico. A Braskem, por exemplo, teve uma economia de 6,5 bilhões de litros de água potável com os dois maiores projetos de reuso de água da América Latina: Água Viva, programa desenvolvido em parceria com a Cetrel, que abastece o Polo de Camaçari (BA), e Aquapolo, projeto feito pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), em parceria com Odebrecht Ambiental, que equipa o Polo Petroquímico no Grande ABC, em São Paulo.
Vale lembrar que estamos falando de um recurso vital e os benefícios vão além da economia de água potável, uma vez que implicam na redução do uso de produtos químicos no tratamento de água e menor impacto nos recursos hídricos da região onde os projetos estão alocados.
As soluções para os problemas ambientais e sociais continuarão sendo discutidas pelos governos do mundo todo. No entanto, não há dúvidas de que as indústrias têm um papel de destaque no crescimento socioeconômico sustentável. Por isto, as empresas precisam optar cada vez mais por iniciativas que beneficiam comunidades, fornecedores e clientes e diminuam a dificuldade de acesso e tratamento da água.
Veículo: DCI