Os projetos de lei em tramitação na Câmara Municipal de Manaus visando proibir a distribuição de sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais de Manaus devem suscitar no Parlamento um debate necessário a respeito da produção de lixo e seus impactos no meio ambiente. A iniciativa é nobre e, caso os projetos sejam aprovados e implementados em Manaus, a exemplo de outras capitais, será um passo significativo, mas apenas um passo na longa caminhada que ainda precisamos trilhar no sentido de reduzir a produção de lixo.
Porém, há outros aspectos a serem considerados: os sacos plásticos seriam substituídos por sacolas biodegradáveis, que são mais caras que as de plástico, mas não agridem o ambiente. Esse custo extra certamente seria repassado aos consumidores. Precisamos saber a dimensão desse custo para estudar formas de minimizá-lo. Em algumas cidades Brasil afora, onde o uso de sacolas plásticas já foi banido há algum tempo, consumidores vão ao supermercado levando suas próprias sacolas de tecido, que são lavadas e reutilizadas por muito tempo.
Posturas assim exigem um nível elevado de consciência ambiental. Aí reside o principal desafio para o Brasil nesse aspecto. Mais relevante que limitar o uso de plástico é promover ações profundas e abrangentes de educação ambiental. O tema precisa ser recorrente nas escolas para que se construa uma geração muito mais consciente e responsável que a atual. Poderia ser disciplina obrigatória nas salas de aula. Talvez em duas décadas já poderíamos ter uma geração de novos adultos muito mais receptivos a políticas de cunho ambiental como os projetos a respeito do uso de sacolas plásticas ora em discussão.
Outro aspecto é que as sacolas são apenas uma pequena parte do problema. Existe ainda todo o lixo plástico que produzimos diariamente. Tirando as sacolas, ainda sobram embalagens, itens descartáveis como copos e canudos e uma infinidade de outros produtos, que após um breve uso, continuarão na natureza pelos próximos 600 anos. A questão ambiental precisa ser olhada com mais atenção. Todos temos a responsabilidade de cuidar bem do nosso planeta. Podemos começar revendo nossa postura em relação ao lixo que produzimos todos os dias.
Fonte: A Crítica