São Paulo, como se sabe, é uma das cidades mais avançadas no mundo em matéria de diligência sem limites das autoridades municipais em defesa da pureza do seu meio ambiente. Sua mais recente lição de virtude tinha sido a heróica decisão de proibir o uso de canudinhos de plástico, desses de tomar suco, em toda a área do município, em lei sancionada neste último mês de junho pelo senhor prefeito local.
Agora, em mais uma vitória histórica contra a poluição, a proibição acaba de ser estendida ao fornecimento de copos, talheres, pratos, hastes para mexer bebidas e tudo o mais que você puder imaginar em matéria de plástico; restaurantes, bares, padarias e quaisquer outros tipos de estabelecimentos públicos que cometerem esse crime vão sentir sobre eles o peso da justiça.
É essa, justamente, a parte mais extraordinária da história – as penas que a Câmara Municipal inventou, e espera que o prefeito sancione, contra os delinquentes do plástico.
Na primeira “infração”, receberão advertência e intimação para cessar imediatamente suas atividades criminosas; daí para diante a coisa vai subindo até chegar a um sétimo e último estágio de gravidade, quando o “estabelecimento infrator” será pura e simplesmente emparedado.
Isso mesmo: a prefeitura, que não consegue manter limpa a sua própria sede, vai mandar uma equipe de pedreiros fechar com paredes de tijolos e cimento as portas, janelas e qualquer outra possível entrada física do edifício onde foi detectada a mortal presença de um canudinho de plástico ou de seus similares. Nem Stalin, possivelmente, pensou em punir alguém com um negócio desses.
Enquanto isso, São Paulo continua sendo a capital mais imunda do Brasil – até porque é a maior de todas – e uma das piores do planeta em termos de destruição ecológica em modo extremo. É atravessada, ao largo de 25 quilômetros por dois esgotos infectos a céu aberto, os “rios” Tietê e Pinheiros.
Seus mananciais de água limpa estão infectados pela presença de favelas imensas que os prefeitos e vereadores deixaram se instalar livremente, à beira das represas. Se você mora num bairro pobre, esqueça que existe coleta de lixo, para não falar em rede de esgoto e água tratada. É um alívio, realmente, saber que os 12 milhões de habitantes da cidade estão livres do canudinho de plástico.
Fonte: Metrópoles