A lucratividade do setor brasileiro de cartões deve alcançar US$ 4 bilhões neste ano e representa o terceiro melhor indicador mundial, atrás apenas da de Canadá e Estados Unidos. Atentos a essa expressiva lucratividade, players internacionais começam a desembarcar no Brasil para conquistar uma fatia deste mercado.
A consultoria britânica Lafferty inicia suas atividades por aqui na próxima semana em joint venture com a Partner Conhecimento, a organizadora do C4 Congresso de Cartões e Crédito ao Consumidor. "O Brasil é o aristocrata da América Latina, com crescimento do setor de cartões da ordem de 25% ao ano e um potencial fantástico", declarou ao DCI, o presidente do Grupo Lafferty, Michael Lafferty.
De acordo com dados do estudo, a lucratividade do segmento de cartões no Brasil atingiu US$ 3,75 bilhões em 2009, a uma média de US$ 20 por cartão.
Lafferty apontou de que o crescimento anual do segmento de cartões no Brasil na faixa entre 20% e 25% é moderado frente à performance da Índia (30%), da Turquia (45%) e da Rússia (55%). "Um crescimento rápido demais ameaça os ganhos. Já tivemos crises de cartões de crédito na Malásia e na Tailândia, mas não vejo esse tipo de risco no Brasil", argumentou o especialista, que analisou dados de 60 países.
Lafferty demonstrou que o potencial global, cuja média anual de faturamento é US$ 2,6 mil por cartão, está nos países emergentes. Segundo o estudo, na China o faturamento médio por cartão é de US$ 1,54 mil, seguida pelo Brasil, a US$ 937, pela Índia, a US$ 764, e pela Rússia, a US$ 512.
Diante desse potencial, o presidente da Partner Conhecimento, Álvaro Musa, prevê que a experiência internacional da Lafferty possa projetar as empresas brasileiras de cartões em outros continentes. "A joint venture Lafferty Brasil dará uma nova projeção às companhias brasileiras, estamos organizando grupos de trabalho para Cingapura, Cairo, Londres, Montevidéu e Santiago", declarou, ao DCI, o ex-presidente das empresas Fininvest, Credicard e ex-executivo sênior da área de cartões do Citibank.
Em contrapartida, Musa afirma que todos os produtos de consultoria, pesquisa e banco de dados da Lafferty estarão disponíveis e adaptados ao mercado brasileiro. "Em breve o setor terá 600 milhões de cartões para administrar. Isso exige muito investimento", afirmou Musa, ao referir-se às projeções do mercado de cartões para o próximo ano.
Outra companhia internacional que espera fazer bons negócios no Brasil é a processadora líder de cartões nos Estados Unidos e na Inglaterra, a Tsys.
A companhia americana, que fatura anualmente US$ 1,7 bilhão com o processamento de 720 milhões de cartões para 370 clientes em 85 países, acabou de concluir seu projeto de converter toda a base de private label dos cartões Carrefour no Brasil.
"Mesmo com as dificuldades iniciais de comunicação, concluímos o case Carrefour no tempo recorde de 18 meses", disse o diretor da Tsys no Brasil, Antônio Jorge Bueno.
"Nós chegamos para ficar. Hoje temos 50 funcionários, um data center em parceria com a IBM em Hortolândia, um centro de processamento em Campinas e a sede administrativa em São Paulo, e devemos dobrar nossa equipe para 100 funcionários no próximo ano", projetou Bueno.
Com o suporte da Tsys, o Banco Carrefour se diz preparado para alcançar 12 milhões de cartões no próximo ano. "Nossa base atual é de cerca de 10,5 milhões de cartões. Nessa conta entra o volume da Visa, processado pela CSU, e os híbridos de private label e crédito da bandeira MasterCard, processados pela Tsys", esclareceu o diretor de Operações e TI do Banco Carrefour, Marcos Faria.
A concorrente Renner também vê a possibilidade de adicionar mais 5 milhões de clientes nos próximos anos à sua base atual de 16 milhões de cartões emitidos. "O cartão Renner é responsável por 60% das vendas da companhia, e conquistamos entre 1,5 milhão e 1,8 milhão de novos clientes a cada ano", detalha Claudio Burtet, executivo responsável pela área de cartões da Renner.
Crédito pessoal
O presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Adalberto Savioli, prevê que a projeção entre crédito e PIB no Brasil deve alcançar 50% em 2010 e atingir 60% até 2012. "O apetite dos bancos está crescendo em crédito imobiliário: avançou 50,8% nos últimos 12 meses e será o segmento mais promissor nos próximos anos", apontou.
De acordo com o presidente da Acrefi, o crédito para veículos e o crédito consignado também evoluem a taxas expressivas. "O crescimento médio do crédito para veículos e de empréstimos consignados está em torno de 30% este ano. Estas duas linhas são responsáveis por cerca de 70% do total das carteiras das financeiras", enumera Savioli. Ele informou ainda os dados atualizados da Acrefi - financiamentos via cartão, com R$ 29 bilhões; a carteira de crédito pessoal e consignado, em R$ 200 bilhões, e a de veículos, em R$ 115 bilhões.
Veículo: DCI