Acirra-se disputa no setor de cartões pelo comércio eletrônico

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Com quase R$ 20 bilhões em vendas e cerca de 8 milhões de novos clientes só em 2011, o segmento de comércio eletrônico no país começa a ser disputado pelas empresas de cartões. Cresce a competição, principalmente, no segmento chamado de "gateway" - responsável pela captura e processamento dos pagamentos das vendas on-line. O Valor apurou que a Redecard, ainda fora desse segmento, está em negociações para a aquisição de uma empresa do ramo. A Braspag, que pertence à sua principal concorrente, Cielo, acaba de fechar parceria com a americana SafetyPay.

 

Os chamados gateways de pagamentos fazem o link entre os clientes e os varejistas on-line, oferecendo diversas formas de liquidação de compras e serviços, como cartão de crédito, débito em conta corrente e boleto bancário. Com essa ferramenta, as empresas de cartões conseguem colocar à disposição do comércio eletrônico a cadeia completa de pagamentos.

 

O acordo fechado pela Braspag com a SafetyPay permitirá a aceitação de pagamentos de pessoas não residentes no Brasil, importantíssimo para impulsionar as vendas do setor de aviação, por exemplo, um dos mais ativos nas vendas pela web. Com a realização da Copa do Mundo em 2014, muitos estrangeiros terão de comprar passagens para destinos domésticos.

 

E não são apenas as credenciadoras como Redecard e Cielo que estão de olho nesse filão. As bandeiras internacionais Visa e Mastercard também se mexem para -entrar na disputa. A Visa trouxe no ano passado para o Brasil a operação da CyberSource, gateway mundial adquirida por US$ 2 bilhões em abril de 2010. Entre seus clientes estão Louis Vuitton, Google, Microsoft e as aéreas LAN, Air Canada, British Airways e Turkish Airlines.

 

Além do serviço de pagamento, a CyberSource atua na área de segurança do pagamento (armazenamento dos dados do consumidor) e de prevenção a fraudes. Foi o serviço de prevenção a fraudes, aliás, que serviu de porta de entrada para a companhia no Brasil, sendo oferecido há cerca de cinco meses. "Nos próximos meses, lançaremos também o serviço de gateway local", avisa Fernando Marques de Souza, diretor-geral da CyberSource no Brasil.

 

A Mastercard, que em agosto de 2010 adquiriu a britânica DataCash por US$ 520 milhões, espera fechar seu primeiro contrato com uma varejista no Brasil até a metade deste ano, diz o vice-presidente de vendas Luiz Guilherme Roncatto. O prazo para o sistema ser implementado e entrar em funcionamento seria um pouco mais longo, até o fim de 2012.

 

Para a Mastercard, além da oferta de soluções de tecnologia para pagamentos on-line converter-se em mais uma fonte de receita, ter uma empresa de gateway ajuda também a acelerar o desenvolvimento de soluções para pagamentos por meio do telefone celular ("mobile payment") e, futuramente, da TV digital. "Não quero depender de um integrador que faça a ponte com a gestão do fluxo de caixa e de estoque do estabelecimento, por exemplo, para colocar essas soluções no mercado", diz Roncatto.

 

Enquanto Visa, Mastercard e Redecard se movimentam para começar a disputar o mercado de gateway, a Braspag busca consolidar sua liderança. Ao fechar parceria com a SafetyPay, a empresa de soluções de pagamentos on-line da Cielo tenta reforçar sua presença nos setores de aviação e turismo, de olho na horda de turistas que devem chegar ao Brasil para a Copa do Mundo e Olimpíada. A Braspag, que tem hoje a TAM como cliente, está em negociações com outras aéreas. "Nosso plano estratégico para 2012 está bastante focado nesses setores" afirma Luis Lima, diretor comercial da Braspag.

 

A parceria com a SafetyPay pode dar um empurrãozinho nessas negociações. A solução da empresa americana permite que consumidores estrangeiros façam compras em sites brasileiros (e vice-versa), uma vez que o pagamento é debitado diretamente da conta corrente do comprador - desde que ele seja um usuário do canal de internet banking, ambiente no qual a transação é processada. O sistema difere das demais soluções existentes no mercado brasileiro, baseadas quase que exclusivamente na compra por meio de cartões de crédito emitidos por bancos locais.

 

A SafetyPay tem acordos com 37 bancos no mundo, sendo 2 no Brasil - HSBC e Banrisul. "Estamos também para fechar contrato com dois dos maiores bancos privados", diz Ronald Wieselberg, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da SafetyPay. O custo do serviço para o lojista depende do volume de transações proporcionado pelo estabelecimento, mas a comissão (taxa de desconto) varia, em média, de 3% a 3,5% do valor de cada pagamento efetuado.

 

De acordo com a Câmara Brasileira do Comércio Eletrônico (camara-e.net), o e-commerce nacional deve fechar 2011 com R$ 18,7 bilhões em vendas, crescimento de 26% em relação a 2010.

 

Veículo: Valor Econômico


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