Euforia solapa novatos na onda da internet

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Bom momento do setor não garante sucesso de empresas iniciantes; falta de planejamento é um dos principais dos erros

Pesquisa mostra que mais de 60% dos empreendedores digitais não fazem plano de negócios

O site Buscapé ainda era uma empresa de garagem quando um de seus fundadores, o paulistano Rodrigo Borges, cometeu um descuido típico de empreendedor iniciante: esqueceu de registrar o domínio do site que acabava de criar.

Por causa disso, o QuantoCusta.com, nome inicialmente escolhido, virou Buscapé, hoje o maior site de comparação de preços da América Latina e uma das histórias mais bem-sucedidas no mercado digital brasileiro.

"Nesse caso, o tropeço acabou se revelando um golpe de sorte", diz Borges, 36.

"Mas também deixou a lição de que planejamento é fundamental nessa etapa."

Treze anos depois, com o avanço da internet, a estabilidade da economia e a chegada de fundos de investimento ao país, o número de brasileiros que se veem diante dos mesmos desafios de Borges é cada vez maior.

Em 2011, foram mais de 2.000 empresas de internet abertas, três vezes mais que em 2009, de acordo com o Instituto Inovação, de fomento ao empreendedorismo.

SEM BARREIRAS

O bom momento do setor, porém, não é garantia de sucesso, alertam especialistas.

"As barreiras de entrada no mercado da internet são baixas, o que gera uma competição muito mais acirrada que no mundo físico", diz Paulo Alvim, gerente de acesso a mercados do Sebrae.

O investimento inicial para montar a infraestrutura de um site de comércio eletrônico, por exemplo, parte de R$ 100, diz ele.

Mas, uma vez no ar, o site exige capital de giro intenso para compra de estoque, logística, captação de clientes e pós-venda -um aspecto que muitos empreendedores ainda subestimam.

"Um dos maiores erros do empreendedor é se deixar levar pela euforia e ignorar os números", diz Paulo Humberg, um dos pioneiros da internet brasileira e hoje à frente da A5 Investimentos, voltada a start-ups (empresas iniciantes) do setor.

Levantamento recente da empresa SaveMe mostra as consequência dessa euforia. Dos 2.000 sites do gênero existentes em julho de 2010, apenas 850 continuam no ar.

Henri Zylberstajn, dono de site de leilões on-line, seu segundo empreendimento na web, crê que os negócios de operação complexa tenham mais chance de sucesso.

"Vai levar tempo para passar a arrebentação, mas depois o empreendedor surfará a onda com tranquilidade."

PLANEJAMENTO

Segundo especialistas, outro erro comum dos novatos é não fazer um plano de negócios detalhado, avaliando o tamanho do mercado, a concorrência e possíveis obstáculos.

Em uma pesquisa do Sebrae de São Paulo, 62,2% dos entrevistados disseram não ter feito plano de negócios para sua empresa digital.

"É um cuidado que qualquer empresário deve ter, mas que se torna crucial num mercado ultracompetitivo", diz Alvim, do Sebrae.

O carioca Venâncio Velloso, 31, enfrentou problemas de fluxo de caixa com sua segunda start-up, uma loja virtual de calçados, cujo crescimento foi maior que o esperado pelos fundadores.

Dez meses após a abertura, Velloso decidiu vender o negócio para um fundo de investimentos.

"Pagamos o preço do pioneirismo", diz. Hoje, ele aplica esse aprendizado em seu terceiro negócio na web, um portal de classificados para máquinas e veículos pesados, que já tem 25 mil usuários.


Veículo: Folha de S.Paulo


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