A combinação do cenário econômico adverso, que tem achatado a renda do consumidor, com a proximidade do Natal, considerada a principal data do ano para o comércio varejista, está elevando o nível de participação do chamado private label ou cartão de crédito próprio nas vendas a prazo da capital mineira. Pesquisa realizada pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas) indicou que enquanto a média de utilização da modalidade de pagamento foi de menos de 5% no decorrer do ano até o nono mês de 2014, em outubro, o índice superou a casa dos 7%. E a tendência é que aumente ainda mais.
No mês passado, a participação da forma de pagamento chegou a 7,4%, ficando atrás somente do já tradicional cartão de crédito, que respondeu por 82,4% das operações a prazo no décimo mês deste exercício, segundo o balanço do crédito do comércio varejista de Belo Horizonte divulgado pela entidade.
"O cartão de crédito ainda domina em função da segurança, da acessibilidade e da possibilidade de parcelamento que oferece a clientes e empresários. Mas é nítido também o aumento da participação do cartão próprio, muito acessado pelas classes mais baixas que geralmente não possuem crédito junto às instituições financeiras", explica a analista de pesquisa da Fecomércio Minas Luana Oliveira.
Com isso, a tendência é que os lojistas que ainda não trabalham com essa forma de pagamento passem a adotá-la, justamente como alternativa para atrair esses clientes ainda não tão presentes no mercado de consumo. "O cartão próprio tem benefícios para ambas as partes, porque oferece vantagens como parcelamentos mais longos aos consumidores e ao mesmo tempo, fideliza o cliente por meio do recurso volta às lojas para efetuar os pagamentos das parcelas abrindo possibilidades de novas compras", diz.
Estímulo - Dessa maneira, no conjunto de pagamentos a prazo, a participação dos meios eletrônicos atingiu 90% das operações. O estímulo, conforme a analista, ocorre pela facilidade e conveniência do acesso, aliado ao apelo "pagamento parcelado sem juros", que atende aos interesses das pessoas e do mercado.
Por outro lado, o levantamento relevou que a opção pelos cheques pré-datados caiu para 6,9% das operações, quando comparado ao mês anterior (10,6%). Neste sentido, ela reitera que o aceite de cheques é uma estratégia para fortalecer o capital de giro no curto prazo e evitar o peso das taxas cobradas pelas administradoras de cartão. Do total das empresas pesquisadas, a sondagem mostrou que 7,7% trabalharam com cheques no mês passado, abaixo do patamar praticado em setembro (12,8%).
"A participação desta modalidade é cada vez menor também em virtude do número crescente de compras virtuais, ambiente em que os cheques não são aceitos. Já em alguns serviços específicos como academia e consultórios médicos, a forma de pagamento lidera a utilização", justifica. Em outubro, as vendas a prazo corresponderam a 60% permanecendo no mesmo patamar de setembro.
Veículo: Diário do Comércio - MG