A Black Friday se aproxima e o varejo já inicia as campanhas para incrementar as vendas, que se estendem normalmente por todo o mês de novembro. Entre os produtos mais procurados na promoção, os eletrônicos e eletrodomésticos se destacam. Uma pesquisa da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio-MG), aponta que os eletrônicos respondem por 30,1% da preferência dos consumidores entrevistados. Os eletrodomésticos estão na segunda posição, com 21,2% da procura.
Segundo o economista-chefe da federação, Guilherme Almeida, os produtos desse segmento fazem mais sucesso durante a Black Friday pela tendência de o consumidor preferir comprar para si em vez de presentear. Por isso, mesmo com o valor mais alto, faz sentido pesquisar e aguardar uma oferta em um produto já desejado a um tempo. Ao contrário do Natal, quando normalmente as pessoas compram para presentear e preferem itens de menor valor adicionado.
Justamente pelos valores elevados, os consumidores devem tomar cuidado com a chamada maquiagem de preços. Isso ocorre quando os comerciantes aumentam os preços antes de fazer uma promoção, o que configura um falso desconto. Uma das ferramentas disponíveis para conferir as promoções são os sites comparadores de preços. Um desses sites, o JáCotei, trabalha com um software que computa os menores preços de vários produtos ofertados nas lojas online dos maiores varejistas do país.
O site compilou esses dados em um relatório de acompanhamento de preços de eletrônicos e eletrodomésticos no período de 29 de setembro a 29 de outubro. Na média, o conjunto de 16 itens pesquisados sofreu um aumento de 5,7% nos preços em um mês. O site considerou cinco produtos para representar cada item. Todos apresentaram um aumento nos menores preços no período, com exceção dos notebooks, que sofreram uma queda de 0,4%.
Segundo Antônio Coelho, diretor-executivo do site JáCotei, é provável que essa diminuição no preço nos notebooks se deva a uma preferência cada vez maior pelos celulares. O levantamento observou que o modelo Lenovo Ideapad 330, de 15,6 polegadas e 8GB de memória RAM, começou o período pesquisado custando R$ 2.099,00 e terminou custando R$ 1.999,00. Houve uma queda abrupta no preço no meio do mês, quando o produto chegou a custar R$ 1.580,91. Seguindo a tendência, o modelo Samsung Expert X30, de especificações semelhantes, também apresentou redução no preço. O valor saiu de R$ 2.181,51 para R$ 2.069,10. Porém, ao contrário do concorrente, houve uma alta no meio do mês, quando o produto chegou a custar R$ 2.226,77.
Smartphones e TVs
Os smartphones, que são um dos itens mais pesquisados pelos consumidores, sofreram um aumento de 5,4% de setembro para outubro. Como referência, o modelo Samsung Galaxy A30 iniciou o período custando R$ 922,13 e terminou com um preço de R$ 959,20, com um valor mínimo de R$ 903,04 nesse meio tempo. Enquanto isso, houve pouca diferença no preço do modelo Xiaomi Redmi Note 7, um concorrente de uma marca chinesa. Em setembro, o celular custava R$ 907,95 e terminou outubro a R$ 919,51. Porém, houve muita variação ao longo do mês. O preço mínimo no período foi de R$ 799,90 e o máximo de R$ 939,81.
Já os preços dos televisores sofreram um aumento de 3,7% no período pesquisado. O menor preço cobrado por uma Smart TV de 50 polegadas da Samsung era de R$ 1.708,97 em 29 de setembro. No fim de outubro, o consumidor já encontrava a televisão por R$ 1.889,10. Apesar do aumento geral, por cinco dias, de 22 a 26 de outubro, o melhor preço encontrado pelo site foi de R$ 1.659,17. Por outro lado, o preço de uma televisão também de 50 polegadas, da LG, caiu. A melhor oferta computada no fim de setembro foi de R$ 1.935,12 e no fim de outubro foi de R$ 1899,05.
Segundo os dados do site, os consoles de videogame ficaram 4,5% mais caros de um mês para o outro. O menor preço registrado em 29 de setembro por um Xbox One S foi de R$ 1.231,12, contra R$ 1.289,00 em 29 de outubro. Para esse aparelho, a mínima de preço registrada no mês foi de R$ 1.174,45. Já um Playstation 4 Pro custava, na melhor oferta, R$ 2.199,99 no início do levantamento e R$ 2.249,90 no final. De acordo com o site, o melhor preço que o consumidor encontrou durante o mês foi de R$ 1.991,99.
No mês pesquisado, os preços analisados das geladeiras aumentaram 4,3%. Apesar disso, um aparelho de 375 litros de capacidade, de fabricação da Brastemp, sofreu uma pequena redução no preço: de R$ 1.799,09 para R$ 1.781,10. Já um refrigerador de 371 litros, da Electrolux, sofreu um aumento de quase R$ 200, saindo de R$ 1803,12 para R$ 1.989,00. Porém, por volta do dia 26 de outubro, ambos os produtos ficaram na faixa dos R$ 1.650,00.
Os fogões acompanharam a alta geral e registraram 8,1% de aumento nos preços em um mês. Mesmo assim, a pesquisa registrou que, em setembro, um fogão de quatro bocas da Brastemp custava R$ 655,28 e terminou o período custando R$ 610,19. A melhor oferta registrada no mês para o produto foi de R$ 596,63. Em contrapartida, um fogão da marca Consul, também de quatro bocas, começou custando R$ 549,00 e fechou o mês com um preço de R$ 589,00. O preço mínimo registrado foi de R$ 539,91.
Atenção evita armadilhas
O diretor-executivo do site JáCotei, Antônio Coelho, afirma que o consumidor não deve ficar alarmado com os resultados da pesquisa de preço revelando aumentos. Na verdade, ele garante que ultimamente os preços de eletrônicos e eletrodomésticos estão estáveis. Ele explica que é possível que os varejistas estejam aumentando um pouco os preços agora para poder oferecer descontos mais agressivos agora, no mês propriamente dito da Black Friday. “O que não pode é aumentar 30% e reduzir 15%”, diz. Coelho afirma que a maquiagem de preços ainda ocorre na campanha, mas acredita que o comércio brasileiro já adquiriu uma certa maturidade. Por isso, em sua avaliação, os preços não devem aumentar muito de outubro para dezembro. “Não há mais margens para aumentar os preços. A pesquisa importante é a de novembro, quando o consumidor pode verificar as promoções da Black Friday”, comenta.
O economista-chefe da Fecomércio-MG, Guilherme Almeida, aponta as variações na cotação do dólar como um possível motivo para o aumento de preço verificado na pesquisa. “Você tem que analisar conforme os indicadores desses produtos. Muitos dos componentes desse segmento são indexados ao dólar”, analisa. Almeida não descarta a maquiagem de preços, mas acredita que esse problema já é menor no Brasil, devido a uma “conscientização” do empresário. “Hoje o consumidor vai na loja comprar muito bem informado. Tem que ser bem transparente”, explica. Além disso, os lojistas estão ajustando suas estratégias para a Black Friday.
Telefonia
A Tim lançou uma “pré-campanha” de promoções antecedendo a Black Friday, que vai até o dia 21 de novembro. Descontos em smartphones são oferecidos para quem assina determinados planos. Entre as diferentes opções de assinatura, o consumidor encontra descontos que variam de 21% a 56% em quatro modelos distintos. O Iphone 8, por exemplo, é anunciado por R$ 2.199,00, enquanto o preço original seria de R$ 3.399,00. No dia 14 de outubro, o mesmo modelo era ofertado por R$ 1.999,00 na loja da operadora, em relação a um preço original de R$ 3.999,00.
A Vivo iniciou a campanha de descontos em 31 de outubro. A empresa segue o modelo de combo de plano e smartphone e anuncia duas opções de compra. Os clientes do plano controle poderão comprar o modelo K12 Max, da LG, por R$ 739 à vista. No dia 14 de outubro, o preço registrado na loja online da operadora pelo modelo era de R$ 769,00, anunciado como desconto em relação a um preço original de R$ 2.154,00. Segundo a assessoria da operadora, os descontos nos smartphones chegam a 60% na Black Friday deste ano.
A Via Varejo, empresa controladora dos varejistas Casas Bahia e Ponto Frio, reforçou o quadro de logística. Segundo a assessoria da empresa, a capacidade de expedição de mercadorias foi aumentada em sete vezes. Ainda de acordo com a assessoria das lojas, os descontos podem chegar a 70%.
Fonte: Estado de Minas