Apesar de terem melhorado o índice de ruptura entre 2014 e 2015, os varejistas brasileiros estão longe de alcançar a taxa considerada ideal, abaixo de 1%. Quebra operacional é a principal causa
São Paulo - Ainda que distante do índice ideal, os supermercados brasileiros melhoraram seus níveis de perdas de produtos em 2015. Segundo um levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), os varejistas do setor desperdiçaram, em média, 2,26% de seu faturamento ano passado com produtos que nunca chegaram aos clientes.
Especialistas ouvidos pelo DCI defendem que a taxa de perdas ideal é abaixo de 1% do faturamento, como ocorre em alguns modelos supermercadistas fora do País.
"O melhor nível é aquele abaixo de 1%. Alcançar a perda zero é algo que demanda uma complexidade de processos e operações muito rara de ser observada, principalmente no Brasil. Mas, com algumas melhorias, é possível diminuir o índice atual", avalia o especialista em varejo e sócio-diretor da BA|Stockler, Marcus Cordeiro.
Atualmente, de acordo com a pesquisa da Abras sobre prevenção de perdas nos supermercados, o principal motivo que ocasiona o desperdício de produtos é a quebra operacional (35,8%), seguido pelo furto externo (20,0%), erros de inventário (11,1%) e furto interno (8,8%).
Para Cordeiro, o desperdício do setor supermercadista chega a ser preocupante, já que o modelo varejista trabalha com uma margem baixa de lucro.
"Essas perdas têm impacto direto no lucro e faturamento da companhia, pois eles trabalham com margens muito baixas. Mas é bem possível trabalhar processos e operações para evitar perdas", diz.
Rastreabilidade
Desde 2011, a entidade que representa o setor supermercadista desenvolve um trabalho focado no rastreamento dos produtos e alimentos que chegam às gôndolas das lojas.
Para o superintendente da Abras, Márcio Milan, o programa é a principal alternativa das varejistas para evitar ou, ao menos, diminuir as perdas, fator que ganha ainda mais relevância em meio à recessão.
"O monitoramento dos produtos desde a sua produção une as cadeias industriais, produtoras e varejistas, o que ajuda a diminuir o índice de desperdícios, principalmente no segmento de frutas, verduras e legumes, onde o nível de perdas anuais chegou a ser de 15% há alguns anos", conta.
Atualmente, no mesmo segmento, Milan afirma que o índice de perdas é de 6,8%. "O ideal para estes tipos de produtos perecíveis seria atingirmos o nível máximo de 5% de perdas", observa.
No geral, os produtos de maior valor agregado e que contribuíram negativamente para o índice de perdas dos supermercados no ano passado são: carnes (28%), bebidas em geral (21%), eletrônicos (17%), perfumaria (16%), doces (8%) e laticínios (3%). "A consciência sobre a importância do manuseio dos produtos tem aumentado ano a ano no Brasil. Mas é preciso melhorar ainda mais", justifica Milan.
Uma das redes que trabalha com o rastreamento dos produtos desde a produção é o grupo francês Carrefour.
Desde 2014, quando começou a participar do programa, a varejista contabiliza mais de 1 milhão de toneladas de alimentos rastreados.
Fonte: DCI