Após pior resultado nas vendas externas desde 2002, indústria vê melhora de preços com quebra na Flórida
Depois de um ano difícil como o de 2009, os exportadores brasileiros de suco de laranja apostam todas as suas fichas na redução da safra da Flórida, que já eleva os preços futuros da commodity.
A crise mundial reduziu os preços do suco ao longo deste ano, refletindo nas receitas brasileiras com as exportações - foram 18%menores de janeiro a novembro, na comparação com o período em 2008. Na mesma comparação, os volumes embarcados caíram apenas 3%.
Ainda assim, a projeção da Associação Brasileira dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) para o fechamento do ano é de exportar 1,23 milhão de toneladas de suco, o menor volume de exportações desde 2002, o último ano em que os embarques ficaram abaixo de 1,2 milhão de toneladas. Os números se referem sempre ao valor equivalente ao suco concentrado, desconsiderando a água excedente do tipo não concentrado.
Flórida salva
Agora, todos os olhos voltamse à Flórida, onde o clima e as pragas prometem uma produção muito inferior às projeções iniciais. Amanhã, dia 10, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) divulgará suas novas projeções de safra, que já são esperadas até abaixo da última previsão, de 136 milhões de caixas. A previsão inicial era de 155 milhões de caixas.
O valor da tonelada exportada pelo Brasil, que ficou abaixo de US$ 1 mil até outubro, já está na casa de US$ 1,4 mil, de acordo
com informações do presidente executivo da CitrusBR, Christian Lohbauer. “Os preços nomercado futuro já indicam uma boa recuperação, mas que só começará a ser sentida nos números da balança comercial brasileira no segundo semestre de 2010”, explica
o executivo.
A maior parte dos importadores internacionais já havia contratado carregamentos suficientes para suprir a demanda do primeiro semestre de 2010 quando os preços começaram a subir. O alento será grande para a indústria de suco de laranja do Brasil, que exporta 97% de todo o volume que produz. “Ao contrário de
outras commodities agrícolas, como as carnes, nosso setor não contou com o mercado interno para se equilibrar em 2009”, diz Lohbauer.
Sem ter como desviar uma parte significativa da produção para o mercado doméstico, os exportadores tiveram que encarar, além da queda nos preços mundiais, a valorização do real frente ao dólar. “O ano foi talvez o pior da década”, opina o presidente da CitrusBR.
Limite de demanda
Também continuou afetando a indústria nacional de sucos cítricos a redução consolidada na demanda dos principais países consumidores. A situação do suco é complicada, segundo Lohbauer, porque nos países ricos há muitas novas bebidas tirando espaço dos sucos, como águas aromatizadas, chás gelados e isotônicos.
Em grandes países emergentes, como a Índia e a China, ainda não há renda para o consumo de suco industrializado, além de haver oferta abundante e barata de frutas frescas para que a população beba sucos caseiros.
O consumo mundial de suco de laranja, que superou os 2,5 bilhões de litros entre as safras 2002/2003 e 2004/2005, chegou à última safra na casa dos 2 bilhões de litros. EstadosUnidos e Europa respondem por três quartos do consumo mundial, e são justamente as regiões onde o consumo mais cai.
Veículo: Brasil Econômico