Vinícolas de todo o país comemoram as vendas após a flexibilização da pandemia e a volta das reuniões sociais
O inverno ainda nem começou, e as baixas temperaturas das últimas semanas já foram suficientes para aquecer o mercado de vinhos. No embalo das safras mais recentes, que se destacaram pela qualidade, a comercialização da bebida é alavancada pelo frio, que tem sido um aliado especialmente para o produto de fabricação nacional.
O vinho tem sido a bebida escolhida pelos brasileiros para harmonizar com os pratos quentes, típicos desta época do ano.
— O frio nos faz comer algo mais quente, e o vinho tinto acaba se encaixando superbem na harmonia com esses alimentos — afirma Daniel Panizzi, diretor da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra).
O empresário, que é diretor da vinícola Don Giovanni, de Pinto Bandeira, afirma que a chegada do frio também impulsionou o enoturismo na Serra Gaúcha.
E projeta um crescimento de 20% a 25% na comercialização, em comparação com o inverno do ano passado.
O diretor super-intendente da Vinícola Aurora, Hermínio Ficagna, cita outros fatores que elevam o otimismo do setor em meio às baixas temperaturas. Um deles é o fato de que, neste ano, o frio marcou presença mais cedo em outras regiões do país, como o Sudeste, que é um grande consumidor.
Nesta época do ano, a preferência é pelos vinhos tintos, enquanto o branco e o rosé costumam ser associados às estações mais quentes. Na Aurora, o tinto responde por 80% da preferência durante a estação mais fria do ano. Ficagna atribui o índice ao hábito do consumidor, que o considera mais “encorpado”. Para as empresas, atrelar o vinho a alimentos consumidos nesta época, como massas e caldos para sopa, é uma estratégia de venda.
— O frio é um grande aliado para o nosso setor — resume Ficagna.
O entusiasmo é reforçado pela grande presença de público na 17ª Fenavinho e 30ª ExpoBento, em Bento Gonçalves, no último final de semana. Quase 100 mil pessoas passaram pelo local. O evento se encerra neste domingo.
O cenário de otimismo ocorre em meio a uma tendência de crescimento. A percepção do segmento é de que a pandemia impulsionou o consumo de vinhos. A bebida foi a escolhida pelos brasileiros para o consumo dentro de casa, no período em que as famílias permaneceram confinadas. Tanto que, segundo a Uvibra, a barreira dos 2 litros per capita por ano foi rompida em 2021, chegando a 2,7 litros no Brasil.
A opção pelo produto nacional tem sido favorecida pela taxa de câmbio. Dados da Uvibra apontam que houve uma expansão de 11,43% dos vinhos finos em 2021, comparado ao ano anterior.
Segundo os representantes do segmento vitivinícola, o consumidor pode esperar por um produto de excelência em 2022. As últimas três safras nacionais foram marcadas pela qualidade (a de 2020 é considerada a “safra das safras”).
Um obstáculo ao crescimento, porém, tem sido a falta de garrafas, em razão da pandemia. Para atender à demanda, vinícolas estão recorrendo à importação de países como Chile e Egito.
Fonte: Danton Boatini Júnior e Gise Loeblein, GZH