Preocupados com a possibilidade de suspensão da fusão, representantes da Citrovita e da Citrosuco estiveram, na quinta-feira, no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Eles resolveram se antecipar ao prazo formal para a notificação do negócio às autoridades antitruste, que vai até 4 de junho. Motivo: o histórico recente do Cade de suspender grandes fusões e aquisições, antes do julgamento final.
Essas suspensões podem acontecer por duas formas: ou o Cade baixa medida cautelar, impondo às empresas a separação da fusão até o julgamento final, ou as companhias assinam um Acordo de Preservação da Reversibilidade da Operação (Apro) com o órgão antitruste fixando as condições para manter estruturas separadas até a decisão final do Cade.
No caso da compra da Medley pela Sanofi-Aventis, o Cade chegou a baixar medida cautelar para suspender o negócio e, depois de adotada essa medida, foi assinado um Apro. O negócio foi aprovado na quarta-feira sob a condição da venda de três marcas de medicamentos. Houve a assinatura de Apros em outras fusões e aquisições de destaque, como a compra da Brasil Telecom pela Oi e a aquisição da Sadia pela Perdigão.
No encontro realizado na quinta-feira com três dos sete conselheiros do Cade, representantes da Citrovita e da Citrosuco manifestaram a intenção de permanecerem abertos ao diálogo.
"Estamos tranquilos em relação à operação, mas queremos deixar canal aberto para conversar", afirmou Giani Nunes de Araújo, advogada da Citrovita. O objetivo, de acordo com ela, foi mostrar a predisposição das empresas. "Elas querem reduzir custos, ganhar eficiência e ser mais competitivas no mercado mundial, onde o suco se destina", enfatizou a advogada.
Os conselheiros ouviram ainda que a fusão será notificada às autoridades antitruste da Europa e dos Estados Unidos. Em ambas, a aprovação das fusões é prévia. Isso significa que o negócio só será efetivado na prática depois de aprovado pelos "Cades" europeu e americano. Esse argumento foi utilizado para tranquilizar os conselheiros e garantir que a união das estruturas da Citrovita e da Citrosuco não será imediata.
Mesmo no Brasil, a operação só será concretizada em alguns meses, pois existe uma série de etapas até a união final entre as empresas. Por esse motivo, as empresas entendem que não é caso de cautelar nem de Apro, mas, anteciparam-se a eventuais questionamentos e foram conversar com os conselheiros.
As empresas disseram, ainda, que cerca de 95% da produção é voltada para a exportação. "Toda a dedicação do mercado é internacional", afirmou a advogada.
Veículo: Valor Econômico