Antes mesmo de protocolar no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) o pedido de avaliação da fusão entre Citrosuco e Citrovita, representantes das empresas se reunirão hoje com conselheiros do órgão de defesa da concorrência. No encontro, pedido pelas companhias, será apresentado informalmente o desenho da união que criará a maior empresa mundial de processamento de suco de laranja.
A nova companhia gerará um faturamento anual de R$ 2 bilhões, deve processar 160 milhões de caixas de laranja, ou cerca de 50% da safra brasileira, e desbancará a Cutrale da liderança do mercado mundial, dominado pelo Brasil, com 80% das exportações. A Citrosuco é controlada pelo Grupo Fischer, e a Citrovita, pelo Grupo Votorantim. A assinatura do acordo ocorreu na última sexta-feira.
A Citrovita informou que a reunião "será uma visita de cortesia das empresas" e que "o protocolo oficial e formal junto ao Cade será feito dentro do prazo legal de 15 dias" após o anuncio público da operação.
O Estado apurou que os representantes das empresas solicitaram também um encontro com o presidente do Cade, Arthur Badin, mas que este teria se recusado a participar antes da finalização do protocolo. A avaliação de Badin seria de que reuniões anteriores à formalização seriam pouco produtivas, já que, n o processo, as empresas terão oportunidades para encontros deste tipo.
A fusão entre Citrosuco e Citrovita ocorre paralelamente ao processo ? avaliado há mais de uma década pelo Cade e por outros órgãos de defesa da concorrência ? que apura suposta prática de cartel. Em 2006, um acordo articulado entre o governo e as empresas para que o processo fosse encerrado com o pagamento de multa de R$ 100 milhões foi vetado pelo Cade. Na época, Badin era procurador-geral da Secretaria de Direito Econômico (SDE) e defendeu o acordo.
O presidente da Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas, adiantou que, quando consultada, a entidade irá propor medidas restritivas à fusão da Citrosuco e Citrovita. Entre elas estão a criação de uma empresa independente de logística para o transporte do suco entre as fábricas e o mercado consumidor no exterior, incluindo a operação em portos, o que limitaria a verticalização do setor.
Veículo: O Estado de São Paulo