O Brasil é um dos maiores consumidores mundiais do aperitivo Campari, bebida vendida em 190 países e produzida pela multinacional italiana Davide Campari-Milano. Por isso e também por conta do bom momento de vendas que a empresa vive no país, a Campari dobrou de R$ 66 milhões para R$ 120 milhões o investimento na nova fábrica que está construindo no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco. "Vamos inaugurar a nova planta em novembro", disse ao Valor Bob Kunze-Concewitz , diretor-chefe da multinacional italiana, a fabricante de bebidas como Cynar, o conhaque Dreher e o uísque Drury ' s .
Inicialmente, a inauguração da unidade de Suape estava marcada para outubro de 2009. A construção, iniciada no segundo semestre de 2008, foi desacelerada quando em setembro daquele ano a crise econômica começou a se espalhar pelo mundo. A decisão de atrasar o lançamento, entretanto, acabou afetando positivamente o empreendimento: a Campari decidiu no início deste ano dobrar o investimento em Suape. A área construída passou de 16 mil m² para 32 mil m². A fábrica que a empresa tem em Jaboatão dos Guararapes (PE), com 35 funcionários, será desativada. A equipe de trabalho da nova planta terá 70 pessoas. O capacidade da nova planta será quatro vezes maior que a de Jaboatão, alcançando 5 milhões de caixas de Campari, Old Eight e Dreher.
"Dentre todos os mercados emergentes, o Brasil é o mais importante para a Campari", diz Bob Kunze-Concewitz. "Com o crescimento que prevemos, acreditamos que em pouco tempo o país será o terceiro ou quarto maior mercado para a empresa", disse o executivo mundial. "O consumidor brasileiro tem um grande desejo de consumir marcas mais 'premium' e com a economia aquecida isso deve acontecer, favorecendo a companhia", acrescentou. Dentro desse segmento 'premium', a companhia comercializa no Brasil a vodca Skyy, por exemplo.
Líder em segmentos mais populares - uísque nacional e conhaque nacional -, a Campari teve no primeiro trimestre deste ano um crescimento de vendas no Brasil acima de 100% na comparação com os primeiros três meses de 2009. "Mudamos nossa política comercial e por isso, no ano passado, tivemos que reduzir nossos estoques com os atacadistas, o que derrubou os resultados daquele período", explicou Paolo Perego, presidente da Campari do Brasil. Daí, segundo ele, vem o efeito estatístico do crescimento de três dígitos. Mas o bom resultado da Campari não foi apenas matemático. "Agora, nossa distribuição é direta para o cliente, sem intermediação de atacadistas", completou Perego. "Com isso, nossas vendas aumentaram dramaticamente e conquistamos novos clientes", acrescentou ele, sem citar percentuais.
O mercado de destilados no Brasil movimenta anualmente cerca de R$ 39 bilhões, segundo a Nielsen. Desse faturamento, os segmentos em que a Campari atua participam com 10,3%, sendo o de uísque nacional o mais representativos deles. As vendas de aperitivos finos nacionais somam 1,7%; as de conhaque nacional, 2,9%; as de vodca nacional, 2,3%; e as de uísque, 3,4%.
Veículo: Valor Econômico