A Brown-Forman, empresa que produz e distribui o Jack Daniel's, entre outras bebidas, monta seu primeiro escritório no País, de olho no paladar mais sofisticado do brasileiro
O americano Jack Daniel (1850-1911) nunca iria imaginar que ser criado por um pastor luterano, amigo da família, iria transformar seu nome em sinônimo de uísque. Mas o destino pregou-lhe essa peça etílica e graças a Dan Call, que além de proferir sermões mantinha uma destilaria em Lynchburg, Jack foi introduzido no mundo do Tennessee uísque.
Desse momento, em 1863, até hoje passaram-se mais de 146 anos de fatos e lendas, como a da morte de Jack. Sem conseguir abrir o cofre da empresa, com raiva, Jack o chutou. O impacto quebrou-lhe um dedo do pé, contusão que evoluiu para uma septicemia, infecção que o teria levado à morte.
Seleção etílica: Woodford, Macallan, The Famous Groose e a família Jack Daniel's
são alguns dos uísques que a Brown-Forman vai trazer ao Brasil
A despeito dessa tragédia, a centenária história de sucesso de Jack é conhecida em todo o mundo e será conhecida oficialmente no País com a inauguração do escritório da Brown-Forman do Brasil (BF) em São Paulo – a empresa que hoje produz e distribui o Jack Daniel’s, entre outras bebidas.
Com um investimento inicial de R$ 10 milhões, a Brown-Forman montou a operação de distribuição direta de rótulos já comercializados por aqui, como a própria família Jack Daniel’s e a vodca Finlandia, distribuídos anteriormente pela Bacardi. Além disso, novos rótulos serão incorporados ao portfólio.
Entre eles as tequilas El Jimador e Herradura, líderes no México; o Southern Comfort, a bebida favorita de Janis Joplin; e os vinhos da casa californiana Fetzer Wines. “A Brown-Forman chega com muita força ao Brasil por apresentar um portfólio com grandes marcas premium”, analisa César Adames, professor do curso de gastronomia da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo.
Depois que os pioneiros vinhos finos europeus desembarcaram por aqui e fizeram sucesso – em 2009 o Brasil importou mais de 55 milhões de litros de vinho, segundo a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), 75% do consumo total da bebida –, seria natural que outros gigantes conquistadores do mercado etílico posicionassem suas bússolas para a Terra Brasilis.
Como fez a Brown-Forman Beverages Worldwide. Fundada em 1870, a empresa possui mais de 30 marcas em seu portfólio. Jack Daniel’s, seu carro-chefe, vende 10 milhões de caixas do uísque em todo o mundo por ano. Já no Brasil são comercializadas somente 40 mil caixas. “Nosso objetivo é reforçar nossas marcas no País e crescer, desenvolvendo nossa própria estratégia de marketing”, diz Amador de Carvalho, gerente-geral da filial brasileira, que planeja multiplicar as vendas de Jack Daniel’s nos próximos oito anos. A meta é chegar a 200 mil caixas por ano.
“Existe uma grande empolgação em torno do Brasil, graças aos bons índices de crescimento, à estabilidade econômica e à inflação sob controle há mais de uma década”, explica Edmundo Bontempo, ex-presidente da Pernod Ricard Brasil, convidado a integrar o conselho gerencial da Brown-Forman do Brasil.
O fato de as vendas de Jack Daniel’s terem crescido 28% no País, nos últimos cinco anos, com certeza colaborou para a animação da BF em relação ao mercado brasileiro. Mas, para ganhar terreno nessa briga, a Brown-Forman terá que bater de frente com o monopólio inquestionável da Diageo. Só seu uísque escocês Johnnie Walker Black Label é responsável por 50,3% da receita total dos uísques premium no Brasil.
Outra gigante é a Pernod Ricard, com um faturamento mundial de US$ 9,4 bilhões, muito além dos US$ 3,2 bilhões da Brown-Forman. “Teremos uma estratégia de marketing potente para entrar nesse segmento. Vamos investir em ações para educar o paladar do consumidor poten cial e demonstrar o quanto nossos produtos são diferenciados”, revela Adílson Prado, gerente-geral do Sul da América Latina da Brown-Forman Brasil. Será uma batalha tão dura quanto o cofre de Jack.
Veículo: Revista Isto É Dinheiro